segunda-feira, 4 de junho de 2012

Impressões Digitais de um estranho País (cont.)

211- Continua-se a ler o manuscrito que Alice nos trouxe: Por tudo isto Pergunta-se: o que é um nome? Um mero rótulo identificativo. Já lá vai o tempo em que um nome era significante de vida. Já ninguém se preocupa com a morte. Importante mesmo é neutralizar o sofrimento. Ajudaria muito nesta sobrevivência em que nos arrastamos. Mas não deixa de haver festas. Mais ou menos comemorativas de uma qualquer tradição ou vaga essência de Concelhos ou de Freguesias Mais ameaçadas de extinção do que o resto.Como o funcionário páublico que já é trabalhador em funções públicas. Tudo o que ainda possa ter um pequeno cibo de âncora Está condenado a desaparecer. Não tarda que os privados façam o que o público fazia. Ficará um resíduo Mais ou menos burocrático Com gente precária e com ganhos precários. Diminutos de preferência. O Estado e o Governo que o gere Sempre hão-de ter um lembrete de que existem. A União Europeia desunida já pensa excluir membros. Grécia à cabeça. E o que roubaram à História grega? E as indmnizações devidas pela brutalidade com que o regime nazi e alemão produziram? Tolices. Os grandes têm que ser defendidos de todas as turbas Nem que se arrase tudo o resto. E todo este colectivo Que se afirma individual Alaga cada cidadão Subverte-o Extripa-o de sentimentos De consciências Atira-o para a deprimência que o enlouquece Enquanto o escraviza Dando-lhe uma réstea de aparente liberdade. Domesticando-o com a caridade evangélica ou mais ou menos acenando-lhe com o divino dos seus santuários Onde tudo está programado para o mercado: compra a vela e paga o culto Ouve a prédica da purificação Sê obediente a qualquer patrão Reganha a fé e não te importes de ser inculto Mesmo que tenhas um diploma Deixa-te embrutecer Trabalhando e vendo futebol Ouvindo fado e sobretudo ter fé. Nunca ouviste dizer Que mais fácil é passar um camelo pelo buraco de uma agulha Do que um rico entrar no Reino dos Céus? Pois é. A Igreja está de braço dado com o Capital e sempre do lado dos oprimidos... não é? A estes promete-lhes o céu após todas as tormentas que lhes deram os ricos... A estes a Igreja promete-lhes o céu se... depois de todo o mal produzido e provadas que foram todas as guloseimas da vida Derem os seus proveitos à... Igreja que fará... por certo... boas acções para socorro dos desgraçados. Querem melhor Bíblia da traição? Desde a Inquisição para não dizer antes que assim pensam e agem e não mudam. Casmurros. Velhos e patéticos e caquéticos sacerdotes e bispos e cardeais da traição. O Capital foi e é e será sempre A sua primordial consolação. A divindade que apregoam é imagem dos seus interesses viperinos. Quando se confrontarem com Deus... Não era Mestra Gil Vicente que os metia na Barca do Inferno? Não foi Bosch que os pintou nas torturas do demo? Os escombros são reais e desarticulam as Nações. Os partidos são integrantes das democracias. Os partidos que diminuem e fracturam as democracias Não terão que ser neutralizados? Algum corpo sobrevive se não extirpar os vírus que o atacam? A higiena democrática não contempla a purga? Os povos não terão que ser vigilantes e actuantes contra tudo o que lhes ameaÇA A VIDA SAUDÁVEL EM QUE O PROGRESSO REINE? Quem vota não tem que ser respaitado? Toda e qualquer partidocracia Não será a agonia da Democracia? E os cínicos conciliadores dizem que a ambição é a História dos Povos. Não dizem que o progresso da ciência e o progresso do pensamento e o progresso da cultura e da arte obrigam-nos a todos a transformar essa ambição no seu significado verdadeiro: UM MUNDO NOVO A SÉRIO! Nele cada um deverá sentir-se realizável e ter as suas necessidades saciadas. Pensar que todos são filhos da Vida e irmãos por nascimento e existência. Que ninguém pode ter algo que seja fruto do roubo ao semelhante. Que ninguém pode ousar o Paraíso dando aos outros o Inferno. Deus será a essência e o magma da Vida Nunca o produto de um ego Doentiamente insaciável. Por estas e outras razões é que os tiranos e tiranetes adoram apregoar a inevitabilidade e até a bondade dos desmandos que praticam. Sempre por amor ao próximo que os deve de servir sem questionar suportando a canga e o azorrague para limpeza e desinfecção das suas almas medíocres. Ah e como os que praticam a partidocracia são tão gémeos dos déspotas! Há mulheres que pariram e fizeram dos filhos escravos para o seu serviço. Não amaram. E esses filhos se lhes escaparam Tentam por todas as formas para os apoucar Sempre com o secreto motivo de os ter sob as suas ordens e ditames. Dirão que são monstros de egoísmo. Parcas que pairam sobra a vida com eterna avidez de tudo devorar. Nas democracias corrompidas Não faltam instituições político-sociais que tal não façam. O pior do egoísmo em suprema orgia : eis os tempos que correm. Os humildes e sérios e honestos são as suas primordiais vítimas. Depois... tudo o mais que puderem. É o canibalismo político-social em pirotecnia estouvada. Esquecem-se de que tudo o que ousar dizer ser dono de certezas e de verdades absolutas É o melhor mestre e profeta e criador das desgraças totais.

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