terça-feira, 26 de abril de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

157 - As ruas ainda são nossas. Há que ir para a rua e... gritar. Frases de hoje? Résteas de canções de ontem? Hoje diz-se assim E ainda Que a Luta continua E que é alegria. Outros perguntam Em coro Nas ruas E o Povo pá? Entretanto... Alice já não cai no País das Maravilhas Antes Acorda No País do FMI ( não diga FMI mas FEEF --- dizia o prof que gosta de ser lacrau na bíblica Belém). E Alice descobre todo um mundo às avessas. Em que prometer significa enganar. Futuro significa dores a ter por dívidas a pagar. Presente significa pesadelo. Também desemprego e salários curtos e reformas minguadas e o melhor de nós a cair no apetite avaro e ganancioso do estranjeiro. Alice descobre como todo o mundo Anda De facto À rasca.E quando a direita europeia nos exije que só dois partidos sejam poder e que se devem entender e assinar as exigências do FMI antes de eleições Ainda não percebeu que estes Lusos estão de gatas E que o rating dos mercados não parará de exigir mais e mais juros Até que avancem para outros países e esfacelem esta Europa muito pouco unida e desavergonhadamente corrupta e traidora dos seus Povos. Nada mais têm que um ultra neo-liberalismo que atenta contra o humano. Contra o social. Porque apenas entende a voracidade do seu bojo. Até a Itália do farsante El Cavalieri percebeu que o melhor da Europa é a defesa dos bancos e outros agiotas. No que toca a ajudas face à vaga dos que fogem da África em conflito aberto... NADA. Alice sente-se enojada.

158 - Há quem ande para aí a defender uma nova União Nacional para salvar a honra do convento.Fernando Pessoa dizia que Portugal era muito sacristia de aldeia.Alice que já não vai em maravilhas diz que tudo isto tem um cheiro a mofo. As elites saídas e criadas pelos governos democráticos e com a ajuda dos fundos europeus sabem que roubaram o erário público. Sabem que trairam os justos anseios do Povo. Sabem que sempre desprezaram o trabalho e sempre preferiram o desenrasca do jogo bajulatório. Da cunha e do favor. Organizaram-se em grupos de pressão para defesa dos seus próprios interesses. Cavaram a ruína deste País. Agora. Numa tentativa de se safarem vêm com a rebuscada história da Unidade Nacional. Até da interrupção das questões sociais.Onerando o assalariado e o que busca o primeiro emprego.Sempre para defesa da Pátria que tanto e sempre traíram.Alice olha-os com desprezo.Há um novo rumo a tomar. Irá contra tais interesses. Quem defende o novo rumo é tido como mero microfone de protesto... inconsequente. E se todo um povo obrigasse os culpados a pagarem a factura? E se todo um povo quiser ir por novo rumo? A direita europeia ficaria com apoplexias sucessivas? Durão Barroso e seus pares que não esqueçam que até os grandes da Europa estão em risco.Os mercados só descansarão quando destruírem esta Europa que usa e abusa de sobranceria e de outros abusos que tais face a um Mundo em intrigante mudança.Uma Europa racista mas que o nega com a desculpa da defesa dos desempregados que não se cansa de aumentar.Uma Europa nunca solidária porque nunca se assumiu como Pátria comum do... europeu.Uma Europa que só é democrática enquanto o capital e os seus peões puderem governar o resto da arraia miúda.Alice está atónita mas não perde o horizonte de um rumo novo a sério. Não em buscas de maravilhas. Apenas e tão só em busca de melhor respiração para o humano de todos os dias. Até porque... queremos ser felizes agora. Nunca depois de mortos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

155 - A governação pede ajuda externa.Depois do ultimato da banca. Depois do cerco das empresas da rating. Depois do sentenciar neo-liberal de uma direita europeia que já perdeu o pudor face aos Povos que formam a Europa. Depois de ter assumido todas as políticas de ataque ao Povo Português Sobretudo aos que trabalham.Depois de ter permitido salários ultra principescos a certos gestores e acessores e biltres do costume.Depois de se ter permeabilizado a todas as formas de corrupção. Depois de ter semeado todas as sementes da pobreza e da miséria. Depois de perder a agricultura e a pesca. Depois de não se ter sabido modernizar. Depois de... tanto que fica por enumerar. Mesmo assim o Povo parece achar que o melhor é continuar a dar o poder a toda uma direita Que tem massacrado Humilhado Escarnecido Chulado Sugado... Chiça!...

156 - A paisagem que nos cobre as mãos É um corpo assassinado Violentado Já sem número de vezes para contar. ( Dizem que nos expulsaram do Éden. Não. Nós é que nos expulsámos.) Não há vergonha nem pudor No desordeiro. O maior desacato é o que nos vai roendo a vida Pleno de sorrisos E de esperanças Tudo o que sofres É para o bem comum Tudo o que sofres É para um futuro melhor Cada vez nos rói mais fundo Vísceras do corpo Vísceras da alma E ele cada vez mais esfaimado E nós Otários de sempre Encolhemos os ombros Dizemos que se fosse outro seria pior E perdoamos-lhe este rói-que-rói E defendemo-lo dos predadores E não conseguimos ver outro sol no horizonte. Sobre a Terra o Sol estendeu uma enorme língua vermelha. Ele mandou-a tapar.