domingo, 21 de novembro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

93 - Levantemo-nos do chão!... Caídos sabemos que o céu Nos chama Há que erguer Há que ousar Há que voar Mais longe Do que o tempo Nos quer deixar. No chão deixamos a sombra Do que fomos Passo a passo Pulso a pulso E só dura O vento de um sopro Memória que gostaríamos Contínua. Do chão erguidos Seremos a recusa De tudo o que nos abusa De tudo o que nos trai. No chão Não teremos mais Do que o desfalecimento De tudo o que cai.

94 - Se a mão flutuasse Quando só pintasse O céu e o mar E tudo o que se arrastasse Assim elevasse O verbo seria amar. Dar asas ao vento é Brincar com os astros E sorrir Viver é acto de fé Tirar urtigas de alabastros E florir.

95 - Tu que levedas vidas Nesse teu ventre Desde que o humano ser Se afirmou Olha-te bem e procura O que não foi feito O que foi mal realizado Para que o mundo seja tão cruel. Tu que à vida dás outras vidas Tu que as amamentas Acarinhas Alimentas Corpo e espírito Tu que lhes moldas o ser Mais do que a carne Pensa bem no que é urgente mudar Para que o mundo se firme mais Amor perfeito.

96 - Porque o pão escasseia Em tanto mundo Quaqndo o mundo é obeso de fortuna?! Porque tanta criança Não tem brinquedo Mas é farta de trabalho e guerra?! Porque tanta doença Mata tanto mundo Quando o mundo É sábio de tanta cura?! Porque tanta terra Agoniza e morre de sede Quando a terra Tem tanta água doente?! Pela ambição de uns E a covardia de todos?! Quando aprenderemos A fazer florir o tojo Com todo o amor que pomos No florescer da roseira?! A fragilidade Deverá enternecer A nossa fria razão?! Quando marcharemos pela luz Em vez da treva?!

97 - A Nato é o músculo Do neoliberalismo Económico-financeiro. Ambos o caminho certo Para a miséria crescente Dos Povos. Tudo isto não é mais Do que a estratégia Da aranha. A permanente conspiração Do egoísmo Da ambição Sem regra nem lei De uns quantos Que se creem Especiais senhores do mundo. Substituir Nunca. Acabar de vez com os tiranos Sempre! A Paz só depois Poderá triunfar!

sábado, 13 de novembro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

86 - Príncipes de nada Somos a marcha da ilusão Craveiros de uma estrada Que esqueceu o coração. Malditos e escorraçados Quando vem a tempestade Difamados e mutilados Em nome da liberdade.Povo Ron povo de caminhos Fragrância do que não quer coleira Somos fogo dos mil ninhos E a dança da comum fogueira. Lemos sinais nas estrelas Nas linhas da palma da mão Queremos avenidas e não vielas E estar de bem com qualquer Nação. Se teimais em nos acossar Muita da vossa liberdade Já foi queimada Algo de profundo está a findar Naquilo que seria terra-mãe civilizada.

87 - Obrigado Excelências Por tudo o que nos tirais As vossas existências São meros funerais. Quando se seca uma raíz A árvore adoece e morre Porque razão um País Pensa viver Quando o rio não corre?! Quem se indigna e se manifesta Para além da rotina Quer salvar o que nos resta Para semear nova vida Pela matina. Obrigado Excelências Por tanta azáfama que mostrais Para que naveguemos Sem escolhos de maior Até ao cais das insolvências Amor pátrio que nos dais Para que não fiquemos órfãos dos nossos ais.

88 - E é vê-los Em desvelos De argumentar Que quem fez os novelos Espera que todos queiram Arregaçar as mangas E dar as mãos Para remar e remar Vencer a porcela Que a vida é bela Mesmo que escanzelada Por culpa de tudo e de nada Que os mandadores Sem lei nem roque São afinal salvadores Das nossas tristezas. Nada de tibiezas Apertamos os custos Por mor das doutas certezas Que nos deram abismos E mil outros sismos Para sermos felizes Mesmo que pensemos o contrário.

89 - É urgente Imperativo Nova ordem mundial Que torne inocente Curativo Viver de modo natural. Tudo é abismo Neste mercado Intenso e global Profundo sismo Que tem trucidado O mundo real. Há muito para salvar Imenso para redimir Muito mais para nascer Se ousarmos amar Se soubermos dividir E sobretudo Renascer.

90 - A miséria humana Reside mais Nos que estrategam Grandes fortunas Grandes impérios Grandes poderes Do que naqueles Que têm que gerir A ausência de tudo. Que seria do mundo Sem os mercados?!... De certeza Menos imundo Que a vida que a vida tem É muito mais Do que este vai e vem Entre a ambição E a resignação E os mercados São os pecados Que todos condenam Enquanto desejam Para porem a coleira e a trela No seu irmão No seu semelhante. Deste modo A raça humana Exibe-se aberrante.

91 - Saca daqui Saca dali É tempo de esmuifrar Até ao tutano Deste Zé-Povinho Sempre indeciso Malandrinho Muito mano No desenrascar Mas pouco preciso No acto de levantar A indignação Com coragem de mudar Salvando a Nação. Ele próprio senhor E não penhor Dos latrocínios Com que muitos têm erguido a sua ração E que o querem servil Para mais facilmente Não fugir do ardil. E assim se enterra Abril.

92 - Ouvi a tua voz Quando a perdera No caudal do tempo. Renovam-se desejos De que o corpo se materialize E nos renove A amizade De um abraço. Mas tudo é casca de noz Vogando no imenso espaço. Quem nos dera Que os voos fossem Uma sinfonia de beijos E os sonhos eterno deslize Onde tudo se move Em liberdade. Prometemos um reencontro Na saliva do mar. Quando? Ambos sabemos Que não sabemos quando.Há imensas naifas Nos corredores da vida Onde nos vão assassinando Nunca de vez E acabamos drapejando Como qualquer aceno Que um dia nos fez sorrir.

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

83 - Até quando nos autorizamos A morrer neste vagar De muito amolecer Esperando o que não esperamos Como areia ou pedra na onda do mar? Até quando nos lamuriamos Nesta orfandade da vida Quase saudade De tudo o que desejamos Como utopia arrependida? Raios nos partam Tanta cegueira Raios nos partam Tanta covardia Raios nos partam Tanta bandeira Com que tudo nos atrofia. Há que mudar de bússola Que a que temos já avariou. Tudo o que não liberta pessoas É fraude que não amainou.

84 - Quereis sonhar? Investi na razão Com o coração E sabereis navegar No oceano profundo Por mais tempestades Que afronteis As sabereis deslaçar Construindo de facto Um novo mundo Onde a competição Apenas tem esta auto-interrogação: Quantas mais mãos nos faltam dar Para ganhar Um pouco mais de luz?! Neste real onde perigamos Só ganhamos Treva e dor Por muito que inventemos risos Mascarando o choro Que nos alaga.

85 - Quero ouvir-te dedilhar A vida que somos quando Olhamos sem mastigar O terno clarão do horizonte. Bailando como navegando Saudamos a essência do marCom um génio de um puto Saltitando sobre uma ponte.E nem sequer disputo Qual de nós é a luz Que ilumina tudo o que damos Neste tempo de credo e ai-Jesus Apenas quero ouvir-te dedilhar Nas tranças da lua-cheia Tudo o que somos neste doar A vida que nos incendeia.

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

79 - Ignorância Preconceito Receio Três condimentos Necessários à arrogância Com que os conservadores Dominam espíritos.Portugal é conservador. Porque não haveriam de ser conservadoras as suas políticas? Mesmo que dê fome e ranger de dentes Serve-se uma boa açorda de fé E venha o vira mais o malhão. Assim se pensa Navegar para o futuro. Óptima excentricidade turística!...

80 - Há encruzilhadas Onde tudo parece ser Contrário.Há horas em que tudo parece Desabar. Sempre sobre os mais frágeis. Quando os deuses Parecem moucos Os homens afirmam-se Loucos. Onde o raio de esperança Em meio de tanta treva? O egoísmo de alguns Pode matar a solidária vida de outros? Quando tudo se nos desaba Será que algo começa Onde tudo se nos apaga?

81 - Meninas vamos ao vira Ai que o vira é coisa boa...Assim se cantava Nos velhos arraiais nortenhos: Ah que formosas danças Mira Que volteiam a caminho de Lisboa...Assim se narrava Entre o partir de dois lenhos. Como o tempo vai Dá ganas de cantar Vamos todos ao vira ai Que este malhão já farta E de tanto nos fartar Há que dar da despedida A carta. VÊ lá senão te enganas Nesse endereço preciso Se não ainda te esganas Ao quereres dar um só aviso. Toma cautela na escolha De um teu novo par. Grossa ou miúda A chuva molha E molhados Ninguém gosta de dançar.

82 - Aleluia Neste tempo de incertezas Haja Paz e florescimento Das antigas certezas Alicerçadas em novo conhecimento Que viajamos até ao âmago da luz Descobrindo a verdade Em cada gesto Tendo um sonho que nos conduz E a claridade por manifesto. Pela Paz havemos de florir Novo mundo Neste apodrecido Na orla dos mares Havemos de sorrir Saudando amor rejuvenescido. Por mais escolhos que nos deem Novas estradas descobriremos Eles não sabem o que vêem Olhos de fogo com alma de remos.Somos caminheiros da esperança Eternos sonhadores do mais que perfeito A vida é longa e subtil trança De sal e mel e um Sol como peito.