terça-feira, 29 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

154 - UF!... o governo está demissionário. No próximo, haverá um novíssimo dicionário? Do que está e do que pensa vir a estar Já muito se promete e compromete Na arena europeia. E o Povo? O Zé Povo só presta se votar E em quem o sistema quer. Ora o sistema não quer a "esquerda radical" Prefere a ordem do bem comportado O que espanta Mata e esfola o Zé Povo Para glória e bom porto Do sistema venerável da direita A única A inefável A guardiã Da ordem e do progresso de alguns. O sistema tem um túnel de horrores que surgia Na feira popuplar. Quem lá entrava ía coleccionando sustos Pavios de adrenalina. Nesta Feira Popular O Zé Povo vai-se divertindo com os sustos E prepara-se para o inferno Desta Divina Comédia Que Dante não desdenharia. Ou então opta pela tal esquerda a que a direita agora chama de radical E prega um piparote em todos os que Até agora Apenas o tem aldrabado e bem cavalgado a toda a sela. Zé Povo Zé Povo As esparrelas em que tens caído Não são fado nem destino. Rompe com elas E poderás ser um pouco mais digno. Sobretudo não assassines a tua própria esperança.

terça-feira, 22 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

152 - Dançar na copa das árvores Inventar cidades novas No olhar dos peixes Murmurejar novas línguas Nos ouvidos dos silêncios Será tecer novos linhos Nos velhos teares das manhãs. Galopar no dorso dos ventos Sorver o leite da vida Nos imaculados seios das águas É decidir entre o naufrágio e a madrugada No velho promontório do tempo.Improvisar serenatas aos corais Tocar piano nas dunas Aromatizar de sândalo as feridas Que a terra vai somando É adormecer exausto de sonhos Entre os lençóis dos calos. Ser guia-intérprete dos astros Em excursões culturais Ao âmago das almas Será soar como um violino No meio das orquídeas Que noivam o crâneo das baleias. No fundo de todos os lagos De todos os rios De todos os mares Ou apenas de uma lágrima Seremos um pouco do coração Um pouco da alegria Um pouco de Deus. Escrevemos coreografias dançantes Nos lajedos da ilusão Vemo-nos face a face com a Vida E dizemos morte Precisamente porque tememos a Vida.

153 - Estes belicistas são Pistoleiros mafiosos. Neutralizam armas de um qualquer ditador que massacra o seu Povo E não fazem o mesmo Quando um qualquer malabarista Empobrece e mata de desesperança o seu Povo?!... O papado e os reis Amaram os Templários Enquanto os julgaram úteis. Depois inventaram a Inquisição: os Templários acabaram nas santas fogueiras. Andamos a alimentar um imenso polvo Sem suspeitarmos que ele nos devorará?!... Os tempos enlouqueceram Nas ruas dos macacos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

150 - Todo e qualquer artista Para lá de toda a formação académica ou outra que possua É Na essência Um autodidacta. Porque procura coisas novas E experimenta No todo que já é conhecido.Porque tem que compreender o mecanismo da mecânica existente. Porque interroga Porque duvida Porque critica Porque propõe. E é assim que inova. E é assim que cria. E é assim que expande horizontes. Seus e dos que se encontrem no que faz. Não será um ser militante de um qualquer rebanho. Muito menos alguém que se aprisione no correctamente estabelecido Ou obediência cega ao que coordena e castra a humanidade.Um artista é mais um vulcão E como tal age E como tal respira E como tal vai redefenindo o que o envolve Mesmo quando pensamos que não. Mesmo quando não enxergamos o alcance do seu trabalho. Um artista será sempre a nossa inquietação A aventura da descoberta que nos pode levar a ter cada vez mais e melhores asas. O incenso com que nos purificamos Invocando os deuses para o semear da Paz Do amor Do conhecimento Da tolerância Do infinito encantamento pela Vida. Quando os temos Pouco ou nada os valorizamos. Nem sabemos das suas dores ou das suas alegrias. Irritam-nos mais do que cativam. Não sabemos enxergar a mais valia que nos ofertam. E quantas vezes não lhes obstaculizamos o caminho que enfrentam?! E no entanto eles teimam. Parcos de forças. Nas veredas do que acreditam. E não entendemos porque uns conseguem muito E outros se arrastam no pouco. Os primeiros obtiveram o aplauso de uns quantos Os segundos não tiveram essa sorte. Como tudo na vida O factor sorte é demasiado determinante Para poder ser ignorado. Ainda por cima a arte não é consensual. O que hoje é importante Amanhã poderá não o ser e vice-versa. Só o tempo e o limar das consciências determina a longevidade da arte.

151 - Exauridos de contendas. Abespinhados com tanta maleita. Encurralados por tanta ganância.Desesperados com tanta corrupta malvadez.Ironixzamos. Anedotamos.Porque nos apetece rir ante tanta dor Como diria o José Carklos Malato. E voltamos a ouvir Dentro da nossa cabeça GRÃNDOLA VILA MORENA TERRA DA FRATERNIDADE O POVO É QUEM MAIS ORDENA DENTRO DE TI Ó CIDADE Na voz inconfundível do Zeca Afonso. E um mar de interrogações abalroam-nos. A inquietude agasalha-nos. Seremos capazes de voltar a repôr a canção? Precisamente quando os Deolinda gritam E que parva que eu sou? Há algo de cruel em todo este emaranhado da política que nos pretende governar. Há muito tumor e temor para extirpar. Há muito choro para correr E outro tanto para cantar. E por muito que nos doa o corpo Muito mais nos dói a alma. Caminhamos para o limiar da derrocada ou da redenção? Acode-nos uma inquietude: a ALEMANHA APODEROU-SE DO BUSTO DA NEFERTITI ANTIGA RAINHA DO eGIPTO. NÃO A DEVOLVE NEM TEM INTENÇÕES FUTURAS DE O FAZER. ACHA QUE UM ÍCONE DA ANCESTRAL HISTÓRIA DE UM POVO QUE NÃO O SEU LHE PERTENCE. E o que faz à Europa? Não haverá repetição do mesmo Através da economia? Não era suposto haver uma União Europeia? Não era suposto haver uma economia mais democrática? Ainda por cima pouco aprendemos com: o desastre natural que amputou parte do Japão A que se segue um desastre nuclear que pode amoputar O Mundo de mnuito mais que um pouco de terra. Uns querem salvar a Vida. Outros a sua própria ganância. Esquecem que a vida serve a todos. A ganância apenas a alguns. Mesmo a estes ser-lhes-à mais mortífera que vivificante. É tudo uma questão de tempo e de espaço. Vamos de novo pôr nas ruas Grândola Vila Morena?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

148 - Ditadores: Dita dores. A quem? A todos. Sobretudo aos que são considerados inferiores Ao estatuto de deuses Que tais senhores julgam ser. Loucos? O poder também enlouquece. Precisamente pela mesma crença. Alguns até foram revolucionários... Foram. Deixaram-no de o ser. Que o poder que almejaram Tornou-se dogma. Inquestionável. E a revolução que o Povo amou Descambou em traição do Povo que não vigiou E se acostumou Ao ar bem falante Do revolucionário que se modificou E até se tornou ( quantas vezes?!) em milionário. Com tanto necessário que se debate com a extinção Quando se extinguirá O desnecessário ? Quando um Povo se tornar de novo revolucionário.

149 - Geração ou gerações à rasca Encheram largos e avenidas de algumas cidades deste Portugal doente de tanta raiva estrangulada no peito. Ousaram embarrigar as ruas com a sua revolta. IRÃO PARAR? IRÃO CONTINUAR? A governação ficou inquieta. Nervosa. Incomodada. Os partidos burgueses Sentiram-se com dores desusadas. Ao mesmo tempo Os professores protestavam contra a irracionalidade que reina na Educação. Um cartaz dizia ao Primeiro dos Ministros Que metesse a austeridade no pacote. E cantava-se: Zeca Afonso Tordo Simone Variações Rui Velosos E houve quem gritasse num cartaz: Deolinda ao poder que a Luta é de Alegria. Se tudo isto for o princípio de uma insurreição Poderemos sonhar e cheirar e sentir a Primavera a chegar. E Portugal precisa de uma outra política Com que nos desenrasquemos. Já basta de traição à Vida. O Povo está cansado e dorido Mas interroga: E o POVO pá?!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

143 - Caudais sobem. Submergem tudo. Com a ira própria das torrentes. Insectos. Cápsulas negras de vida.Amaranham escarpas acima. Corpos que bóiam prelúdios de morte. Outros. Deanbulam onde. Pequenos fios de esperança rompem crostas duras de lama. Que fizémos? Que nos fizeram? O que não fizémos? O que teremos que fazer? Haverá redenção? Os sistemas caiem quando apodrecem. Mas... entre a morte de um e o nascer de outro Quantos se veem no vórtice da desesperança uantas revoltas triunfam? Quantas seremos capazes de parir e aguentar e aprofundar até ao resplandecer de um novo mundo a sério? As inquietações são múltiplas. Desgastam-nos até à mumificação dos medos. Quando teremos a correr nas veias a Liberdade? Quando resplandeceremos de paz? Dizei-me Antes que me dilua numa pequenina poça de água.

144 - Dizem: santo o patrão que nos dá trabalho. Paga mal. Algema-nos demais. Mas santo é. Ora: um indivíduo tem uma ideia luminosa. Com ela cria uma empresa e diz: preciso de uns quantos engenheiros técnicos administrativos operários. Compra-lhes a sua força e capacidade laborais. Ao preço que quer. Nunca ao preço justo do que merecem. Ganha mais valias. Faz oferendas para diminuir impostos. E ainda decreta preços e coimas do trabalho? É estramnho que seja santo. É estranho que quem vende não saiba ou não possa pedir o mais justo valor. Não andaremos todos metidos num filme ao contrário ou numa grande burla?

145 - Pouco a pouco A fala torna-nos silenciosos Magoados Tímidos de tanto sol. Pouco a pouco As sombras escoam-se Pelas comvulsões que gritam Liberdade num crescer de Países onde o poder se tornou opressor. Pouco a pouco Todos os agiotas sabem Que têm o tempo contado E assim refinam As suas práticas de latrocínio. Pouco a pouco A imensa lágrima que alaga Rostos indefesos e empobrecidos Alimenta o lavar da imensa lama Que os grandes de hoje Nos têm legado. Sabem que não têm futuro Assim lançam-se na esquizofrenia do mal musculado Aparentemente bem falante. Pouco a pouco Um novo mundo alastra Sucumbindo o velho Que tanto tem desgraçado os futuros. Pouco a pouco Olhamos o desconcerto E sorrimos aos astros que escrevem Novos poemas Para além da vidinha A que nos obrigam Todos quanto têm tido o descaro Do roubo e do vilipêndio De quantos apenas querem Ser felizes e respirar.

146 - Da loucura kadafiana À morbidez cínica do mundo dito ocidental Venha o diabo e escolha. O supremo interesse do Povo Fica algures no tinteiro Dos ministros que apenas sabem decretar Aperta o cinto ó Zé Para que os senhores malteses possam continuar a engordar. Há fartura de senhores gansters nos governos. Há filões de veneráveis ladrões na banca e afins. Há vilões nas forças armadas que se pavoneiam nos salões. Há miseráveis na gestão dos mercados e das bolsas de valores. Mil e um vendilhões dos templos. Vampiros esfaimados e quase sem manadas. Gerações inteiras à rasca e...um povo inteiro resignado. Quando se incendeiam os pórticos do Terreiro do Paço? Quando se diz basta ao genocídio económico e social? QUANDO?

147 - Enquanto a Líbia se contradiz Pela teimosa resistência do ditador Que não enxerga a vontade popular Andamos nós a sofrer A especulação petrolífera que arrasta outros bens de consumo Alimentares por exemplo. Acabamos a respirar A proeminência da carne Que o santo carnaval Folgazão e vistoso Irrompe pelos poros do Brasil De Veneza Para já não falar de múltiplos palcos neste Portugal às avessas.Há quem figure Portugal Numa vaca esquálida A que o homem do leme se agarra Na esperança de lhe sacar a derradeira gotícula de leite. Há quem ponha o vetusto e redondo capitalista A pesar mais do que todas as profissões juntas. E tudo o que seja contestação irrompe nos corsos deste Povo. De tal modo Que o festival da canção Contra todos os prognósticos Usando o voto telefónico Premeia um remaque da canção de protesto: "A luta é alegria" segue para Dusseldorf. COntestamos a rir. Nâo há seriedade que nos levante. Só a ironia A anedota A brejeirice Com que sempre alfinetámos o traseiro que nos importuna. Pelo meio deste imenso circo O PCP comemora os seus sólidos noventa anos de existência: luta resistência luta e... O dia da mulher coincide com o dia maior do Carnaval: ironia dos calendários. A caminho do dia maior da indignação e do protesto Que se deseja múltiplo musculado e determinativo contra tudo o que não respeita O nosso direito à dignidade. Mas se "a luta é alegria" Como o Povo sufragou Veremos o que o tal Povo fará nesse dia em que Lisboa verá A indignação e o protesto Inquietar-lhe A mistificação com que se veste de capital De todo um Povo Que satiriza Ridicularizando Os seus inefáveis governantes.