sexta-feira, 1 de junho de 2012

Impressões Digitais de um estranho País ( cont)

208 - Por segundos interrogo-me se Alice saberá o que me trouxe. Este snr. Tempo tem coisas!... Continuemos a lê-lo: A mediocridade governa o mundo. Passeia-se como diva nas avenidas Do medo e do receio que o povo cultiva. Inventa-se macho com falas de tirano Para melhor valer o sexo que não tem. A mediocridade é o resvalo da liberdade. A lama que lhe calafeta os passos e lhe homicida os gestos. A mediocridade é a exibição De um discurso sem alma E uma feroz paixão Para assassinar de vez a calma. A mediocridade é o fermento De todas as tiranias Por mais que fervam em fogo lento E nos prometam melhores dias.Não há graveto... dizem as ruas Onde se cruzam todos os cidadãos. As mãos solidárias estão nuas Esperança derrama estéreis grãos. O povo é algoz de si próprio Quando elege quem o tiraniza Por mais modesto e humilde e sóbrio Não pode nem deve ter quem o martiriza. Tirem as máscaras a todo o poder. Exijam-lhe na Praça a nudez Para que em definitivop se possa saber Quem do lucro e da fama faz embriaguez. Assuma-se o Povo como real construtor De toda a História de todos os calendários Saberá então onde mora o redentor Que esmague de vez estes falsários. A alta burguesia anda de iate nas veias De todo um povo ignorante de paraísos Nas tribunas arengam moreias Telintando os mais negros avisos. Estado Novo dizia Salazar e agora Proclama-se o objectivo de... Regime Novo. às voltas gira e anda a velha nora Sacando o que pode e o que não deve ao Povo. Vivamos a necessidade de transformação Ouvindo as fontes e vendo o voo do gaio Sentindo dentro de tudo o coração Que nos eleva de Abril até Maio. Ergamos a possível novidade De acabar de vez com as grilhetas Hasteando em cada alma a liberdade Acabando com as políticas as operetas.A obediência inventa um protesto Mascara-se de rebelada E desfila devidamente autorizada Na avenida de todo um incesto. Apesar de todas as dores tem ar de festa E consagra umas horas de movimento Como luta sagrada e alimento Para voltar ordeira para a sua besta. Se quisesse desafiar o alinhamento Que lhe assassina a vida Talvez não andasse tão caída E forjasse tempo novo e novo pensamento. Contestar sem que se ouse rasgar O contrato que nos esmaga Acaba sempre por ser a adaga Que a todos nos há-de assassinar.

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