quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

265 - Ah, Alice, no teu País das estranhas maravilhas, desde 2012 que Portugal já pagou à Troika, 3 mil milhões de euros em juros e comissões. Não admira que a dívida suba e o endividamento colectivo se aprofunde. Como diz o Frei Bento Domingues: Pretender despolitizar o discurso económico e torná-lo tecnocrático e apartidário é um embuste. E descomunal, diria eu, que sou tonto. Iluminado, é o Passos Coelho que se tornou mestre na mistificação a par do Cavaco Silva, do Paulo Portas e de outros que tais.

       Para gáudio destes senhores, o chamado centro-esquerda europeu ao desistir de se entender com a esquerda, aprofunda as cedências ao capital financeiro o que, no mínimo, significará maior desastre a curto, a médio e a longo prazo. À semelhança do SPD (alemão) que se uniu à CDU/CSU ( da MERKL e acólitos), estão a mostrar a cartilha que perfilham. Será que o PS do Seguro se prepara para o mesmo? Em nome de quê? Da maior traição aos seus Povos? Em nome da salvação da direita, pensando salvar a (in)segurança das suas vidinhas? E os seus Povos? Austeridade e mais austeridade, antes da miséria total?

      Há quem diga, por este Portugal demasiado salgado, que a Saúde pode vir a criar milhares de postos de trabalho se avançar para o turismo de saúde e bem-estar. Por um lado, diminui-se e dificulta-se ao indígena a saúde primária e a hospitalar. Com o que se poupa, oferta-se o luxo e a prioridade ao milionário estrangeiro. Como é lindo o mundo empresarial dos que perfilham a destruição criativa que, em meados do séc.XX fez subir e justificou a tomada do poder dos nazis!...

    O Mundo actual está pejado de guerras e de desequilíbrios económico-sociais. Insistir nesta receita caminha para o xeque-mate à vida, pelo menos, humana. Aliás, a Síria é a melhor e mais recente foto da crescente indiferença do ocidental ante as tragédias humanas. A salvação do Iraque tornou-o num matadouro a céu aberto. E o resto? E África? Deixemo-nos de cinismos: o grande capital já se está nas tintas para tudo, desde que garanta o seu lucro. Um dia destes, para nada lhe servirá tal vitória. Estamos dispostos a presenciar o nosso próprio fim enquanto humanidade?

   Em 2013, a nau Catrineta andou à deriva, presa fácil dos ventos credores. Nunca conseguiu para si e seu futuro, um projecto ou uma simples ideia salvífica. Vai continuar assim?

  O centro-esquerda e as esquerdas têm que se entender se querem salvar a Europa e Portugal. Será que querem? Uns e outros, estarão convencidos que, com mais ou menos jogos de cintura, que salvarão qualquer coisa? Ainda não perceberam que estamos todos metidos numa guerra sem quartel que visa a escravatura das maiorias para que um punhado possa ter tudo? A ganância, a inveja, a estupidez, a burrice, vão triunfar? Ainda há dias choravam lágrimas ( de crocodilo?) pelo Mandela. Já pararam para pensar no seu legado e no que a cada um de nós nos é exigido para o concretizar? Em vez de um País, porque não um Mundo arco-íris? Até que ponto seremos capazes de nos melhorar para conseguirmos optimizar o Mundo a que pertencemos?

Por cá a função pública continua sujeita ao cilindro do esmagamento total. Vamos permitir? Pensem: cada vírgula retirada a um serviço público, será menos democracia para todos. É isto o que todos pretendem?

Ah, Alice, acorda e deixa de ter medo: lutemos para que nos salvemos, salvando a VIDA!...