terça-feira, 30 de julho de 2013

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

248 - Agora estou cansado. Sento-me no jardim da noite. Beboi a lua soberana. Plena de luz. Caminheira de todas as peregrinações. Tudo me anda arredado. A ausência tornou-se açoite. A presença, raiana. Os dias, bordado a ponto cruz. As horas, simples alucinações. Deveria partir. Para a concha do mar. Esquecer-me de tudo e... RIR. Respirar o tempo e cantar. Falta-me poder para tanto. E acabo prisioneiro do espanto!... Tudo isto porque: Os Estados abarrotam de mentiras. E quando uma ministra diz que não mente, ou goza com toda a gente ou não entende que a sua verdade Não é a realidade de toda a gente. Seja como for ou seja quem for, Estas governações Vivem ao arrepio das Nações. E não merecem qualquer tipo de crédito. Este sistema ocidental Está decrépito Tem um mero valor pontual. A vida humana e não só Vai ter que encontrar um outro olhar. Até lá... é um desfazer que vai doer E muito Ao amanhecer!... Até porque: a estupidez e a cretinice Sempre foram duas irmãs Obstinadas A viver no e do poder Dos que finjem ser democráticos Mas nunca podem perder um único momento Em que Vibrantes de pensamento Dão uma de... salvadores erráticos. São os que da traição fizeram a salvação nacional E como se deram mal Agora querem uma União Nacional Com toda a gente Com todos os credos Com todas as maneiras... enfim, com a indigente Travessa dos Medos A escorregar poor entre dedos Que não estão para brincadeiras!... Marcelismo salazarento à espera de voltar... Carregar num autoclismo e descarregar Todo esta poeirento profissionalismo de enganar.
           Tenho medo de não ter tempo Para tanto que me falta escrever E pintar E tentar Dar a conhecer Uma das portas Para um novo amanhecer!... Tenho medo de não ter seiva Para tudo que me falta desenhar A cores ou sem elas E navegar Num mar de estrelas Com asas a sombrear!... Nos corredores dos meus silêncios Não vejo as cores Das ausências Sinto apenas o trinar Dos pássaros viajantes Depois dos gatos interrogantes Me olharem. Pararam os moinhos de vento E a fome de tudo e de nada Anda a monte E sei Que este é o momento De uma nova estrada Profunda alvorada Para o Mundo Que de imundo se quer de alma lavada!...
           Quando tudo nos afoga Num País de rastos Há que dedilhar Novas canções Novos ritmos e melodias Novas emoções Como o mar imenso De onde vai sair Livro a descobrir Um mundo intenso Nova alma e sentir Novo pensar E o País a continuar Será o tempo novo Mais a jeito do Povo que não vai nem pode aceitar Novos mandarins Viciados na traição ou na tentação De ter melhores jardins E pôr o Povo em submissão Que o tempo é de escolher Entre vida e morte Entre ser ou não ser E ter... um pouco mais de sorte!... Até porque: Há toda uma foz Em delta aluvial Neste rio de coincidências Em que fomos confrontados Comn séries de acidentes ferroviários e rodoviários Com mortos e feridos e salvados. Espantamo-nos com tanta dor. Nunca pensamos Nunca interrogamos Se tudo isto não é um aviso Para moderarmos Toda esta sociedade Que nos empobrece Na carne e na alma Entre ritmos infernais De trabalho e competições tão sérias quanto banais e nos tornam esquecidos do céu azul E dos Universos que respiram Para lá do que somos. Olhar o mar e saber que há muito por descobrir No que julgamos já todo conhecido É o sorriso invulgar Da liberdade!...
           Mesmo quando tudo nos parece condenado e irremediado, há que dar as mãos e acreditar que há mudanças que teremos que fazer para podermos sobreviver enquanto Povo e País e Nação. O último ataque à Administração Pública é a tentativa de arrasamento do Estado Social para que se erga o Estado Empresarial e os Povos sejam, de vez, escorraçados para uma escravatura de pobreza material e imaterial. Há que resistir e desgastar e derrotar e derrubar toda esta pseudo marcha triunfal dos que traiem e roubam e servem-se do bem público para sua própria glória. Há esperança... assim queiramos dar-lhe vida e carne e, já agora, um novo tempo em que os Povos sejam donos, de facto e de direito, dos seus destinos. A liberdade anda por aí. Não a queiramos clandestina!...

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