terça-feira, 16 de julho de 2013

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

245 - Estupefacção!... eis a palavra certa para apodar o último discurso de Cavaco Silva à Nação. Não apenas acrescentou mais uma crise às crises existentes, como deu nota, ampla e profunda, de um estar pouco democrático. Precisamente porque, olhando para a Assembleia da República, só considera três partidos ( CDS, PSD e PS) como passíveis de ser chamados, responsabilizados ou eleitos como gestores de um Povo que só pode votar quando ele, Presidente, entender que é a hora certa e, já agora, escolham de entre os seus três partidos ( embora até desdenhe do PS), ou seja a direita. Para filho de gasolineiro, nada mal. Parece, também, não gostar do presente governo. Tão só porque se armaram em betinhos birrentos e malcriados. Porém, mantém-no enquanto não conseguir impôr o que lhe aprouver. Lateral e convergentemente, a direita não quer eleições antecipadas já, por mor dos interesses económicos e financeiros em curso e porque não foi concluída a destruição do Estado Social, De Direito, enfim, não há ainda a segurança de uma elite rapinadora e cleptónoma de tudo o que é pertença de um Povo que, entretanto, se vê afundado na crescente escravização absoluta e o mais amordaçado possível.

O País é bom e lindo para se viver. É. Precisa-se de deixar o Povo ser Povo, isto é, corpo colectivo que exerce e aprofunda a sua vida, com mais de oito séculos de história. Precisa-se que os agentes políticos, sirvam a causa pública e não se sirvam dela. Precisa-se de que todos quantos votaram ou pertencem a partidos que se empoleiraram na governação e, disfuncionais, mal barataram o bem público, roubando, mentindo, mistificando, alienando soberania, enfim, espezinhando o seu próprio Povo, tenham vergonha de a eles, de algum modo, estarem ligados. Precisa-se de limpar o País de toda a tanga de cânticos de sereia ou de ameaças de apocalipses se não seguirmos os ditames desta máfia que nos coube em sorte. Precisa-se de dar voz ao Povo.  Quem tem medo do Povo? Precisa-se de deixarmos de ser homenzinhos e mulherzinhas, eternos mal amados e coitadinhos de tudo e sermos, de vez, Homens e Mulheres capazes de reconhecer quais os agentes políticos que nos defendem de facto e nos devolvam os mecanismos que nos levem a produzir, a pagar os nossos compromissos mas, sobretudo, a viver como seres humanos que somos.

Já é tempo de bater o pé a quem nos quer cilindrar enquanto Povo e País e aos seus agentes internos e externos. Não podemos consensualizar com quem nos trama. Não podemos perdoar a quem nos trai. Democracia? Sim. Sempre. Mas do Povo e para o Povo, nunca para criminosos e traidores.

Sem comentários:

Enviar um comentário