segunda-feira, 7 de março de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

143 - Caudais sobem. Submergem tudo. Com a ira própria das torrentes. Insectos. Cápsulas negras de vida.Amaranham escarpas acima. Corpos que bóiam prelúdios de morte. Outros. Deanbulam onde. Pequenos fios de esperança rompem crostas duras de lama. Que fizémos? Que nos fizeram? O que não fizémos? O que teremos que fazer? Haverá redenção? Os sistemas caiem quando apodrecem. Mas... entre a morte de um e o nascer de outro Quantos se veem no vórtice da desesperança uantas revoltas triunfam? Quantas seremos capazes de parir e aguentar e aprofundar até ao resplandecer de um novo mundo a sério? As inquietações são múltiplas. Desgastam-nos até à mumificação dos medos. Quando teremos a correr nas veias a Liberdade? Quando resplandeceremos de paz? Dizei-me Antes que me dilua numa pequenina poça de água.

144 - Dizem: santo o patrão que nos dá trabalho. Paga mal. Algema-nos demais. Mas santo é. Ora: um indivíduo tem uma ideia luminosa. Com ela cria uma empresa e diz: preciso de uns quantos engenheiros técnicos administrativos operários. Compra-lhes a sua força e capacidade laborais. Ao preço que quer. Nunca ao preço justo do que merecem. Ganha mais valias. Faz oferendas para diminuir impostos. E ainda decreta preços e coimas do trabalho? É estramnho que seja santo. É estranho que quem vende não saiba ou não possa pedir o mais justo valor. Não andaremos todos metidos num filme ao contrário ou numa grande burla?

145 - Pouco a pouco A fala torna-nos silenciosos Magoados Tímidos de tanto sol. Pouco a pouco As sombras escoam-se Pelas comvulsões que gritam Liberdade num crescer de Países onde o poder se tornou opressor. Pouco a pouco Todos os agiotas sabem Que têm o tempo contado E assim refinam As suas práticas de latrocínio. Pouco a pouco A imensa lágrima que alaga Rostos indefesos e empobrecidos Alimenta o lavar da imensa lama Que os grandes de hoje Nos têm legado. Sabem que não têm futuro Assim lançam-se na esquizofrenia do mal musculado Aparentemente bem falante. Pouco a pouco Um novo mundo alastra Sucumbindo o velho Que tanto tem desgraçado os futuros. Pouco a pouco Olhamos o desconcerto E sorrimos aos astros que escrevem Novos poemas Para além da vidinha A que nos obrigam Todos quanto têm tido o descaro Do roubo e do vilipêndio De quantos apenas querem Ser felizes e respirar.

146 - Da loucura kadafiana À morbidez cínica do mundo dito ocidental Venha o diabo e escolha. O supremo interesse do Povo Fica algures no tinteiro Dos ministros que apenas sabem decretar Aperta o cinto ó Zé Para que os senhores malteses possam continuar a engordar. Há fartura de senhores gansters nos governos. Há filões de veneráveis ladrões na banca e afins. Há vilões nas forças armadas que se pavoneiam nos salões. Há miseráveis na gestão dos mercados e das bolsas de valores. Mil e um vendilhões dos templos. Vampiros esfaimados e quase sem manadas. Gerações inteiras à rasca e...um povo inteiro resignado. Quando se incendeiam os pórticos do Terreiro do Paço? Quando se diz basta ao genocídio económico e social? QUANDO?

147 - Enquanto a Líbia se contradiz Pela teimosa resistência do ditador Que não enxerga a vontade popular Andamos nós a sofrer A especulação petrolífera que arrasta outros bens de consumo Alimentares por exemplo. Acabamos a respirar A proeminência da carne Que o santo carnaval Folgazão e vistoso Irrompe pelos poros do Brasil De Veneza Para já não falar de múltiplos palcos neste Portugal às avessas.Há quem figure Portugal Numa vaca esquálida A que o homem do leme se agarra Na esperança de lhe sacar a derradeira gotícula de leite. Há quem ponha o vetusto e redondo capitalista A pesar mais do que todas as profissões juntas. E tudo o que seja contestação irrompe nos corsos deste Povo. De tal modo Que o festival da canção Contra todos os prognósticos Usando o voto telefónico Premeia um remaque da canção de protesto: "A luta é alegria" segue para Dusseldorf. COntestamos a rir. Nâo há seriedade que nos levante. Só a ironia A anedota A brejeirice Com que sempre alfinetámos o traseiro que nos importuna. Pelo meio deste imenso circo O PCP comemora os seus sólidos noventa anos de existência: luta resistência luta e... O dia da mulher coincide com o dia maior do Carnaval: ironia dos calendários. A caminho do dia maior da indignação e do protesto Que se deseja múltiplo musculado e determinativo contra tudo o que não respeita O nosso direito à dignidade. Mas se "a luta é alegria" Como o Povo sufragou Veremos o que o tal Povo fará nesse dia em que Lisboa verá A indignação e o protesto Inquietar-lhe A mistificação com que se veste de capital De todo um Povo Que satiriza Ridicularizando Os seus inefáveis governantes.

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