sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

55 - Transformação: Para lá da formação. Algo que ultrapassa O existente. O que é. Será este O tempo que respiramos? Pela nova consciência ambiental Pela nova consciência científica Pela nova consciência cultural Pelo novo saber tecnológico Há muito de transformista. Tudo o mais é A velha rábula do Naufrágio: Todos sabem que vão cair ao mar.Uns vão ter lugar nas balsas Outros nem tanto. Uns quantos Tentam levar o máximo das riquezas Mesmo que comprometam A sua salvação E a dos outros.Seja como for A vida tem destas coisas. O certo é que o novo Nada tem a ver com o velho E neste entretanto Novos e velhos Amargam o pão e a cama De cada dia Mas não param A transformação.

56 - O mundo Em que nos formataram Está a desfazer-se. Já não existe. Já Camões cantava: Todo o mundo é feito de mudança... Hoje mais célere Do que antanho. A mesma economia A mesma justiça A mesma medicina Entre outros Já não detêm respostas Para o novo que aí está. A democracia Exige a democratização De todos os sectores do conhecimento. Impede o lucro por inteiro Nas arcas de alguns. Exige a mobilização de cada indivíduo Para o êxito comum. Tudo isto exige um humano novo. Menos preconceito. Mais clarividente. Mais culto Na diversidade que a sabedoria é. Mais tolerante. Mais ponderado. Sobretudo: uma humanidade que não se dispute Para que possa disputar A vida que sendo finita Deverá ser preservada Acarinhada Para que seja menos finita. E porque ninguém é dono de nada Sendo todos donos de tudo Têm direito Ao melhor da vida. E este melhor Será por acaso e tão só Questões materiais? O excesso de materialismo Não adoeceu o mundo Que se asfixia em crises sucessivas? Não foi a ganância Quase infinita De alguns Que nos está a cilindrar a todos? Se o povo anónimo Se levanta em protesto Não será para pôr em evidência e cobro a tudo isto? Quem somos O que queremos Para onde vamos?

57 - Os predadores não desarmam. Mesmo que não aboquem Dilaceram Rasgam Pelo prazer que têm Em destruir Quem lhes faz frente. Silêncio A arma dos inocentes. Se o silêncio convergir E se tornar rio E se transformar em mar-oceano Os predadores Não temem? França converge em greves sucessivas Indeterminadas nos prazos. Jovens entendem a luta sénior E cerram fileiras. Os predadores não tremem? Neste Portugal em ocaso Onde estão as forças Deste silêncio que marcha Farto de ser Espezinhado Nunca ouvido Com carícias eventuais de mero interesse? É urgente acordar. É urgente erguer o silêncio Que tanto tem hesitado E nunca melhorado. É urgente Mostrar a vontade de erguer de vez A liberdade. Com toda a dignidade Que o silêncio é capaz de assumir: Levantar um muro de gente E escrever Com aparo de multidão Este berro Este grito: BASTA!

58 - Canção à vida No Chile dos mineiros. Soterrados na mina. Dois meses. Trinta e um homens. A terra libertou-os Pela teimosia do mundo De todos. Canção à vida Prova de que a humanidade é Uma família E que só se salva Quando todos dão as mãos Unindo vontades Almejando cada propósito comum. Guerras Invejas Ambições Egoísmos Ante esta canção à vida São a evidência Da estupidez. Cantemos Como no Chile dos mineiros SEMPRE!...

59 - Amar: para o mar. Para o ventre da vida. Para o âmago da vida da Vida. Doação. Pela disponibilidade Da aceitação Do encantamento Da crença Do querer. Amar um ser É pouco sendo muito. Amar tudo o que a vida é É todo Sideral. Amar a multiplicação É dádiva em aceitação. Amar a criação é Sincronização perfeita Caminho Para a simbiose plasmática Com o todo sideral. Por enquanto Somos mera vaidade Da insignificância.

60 - Senhor Povo: Que chamais a quem rouba A quem extorque O que pode e o que não pode A outrém Para benefício próprio E de seus amos ou amigos?... Criminosos?...Elevais à justiça?... Porque esperais Ante quem vos expolia de tudo E até da alma?...

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