segunda-feira, 6 de junho de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

165 - E vira que vira e torna a virar As voltas do vira são boas de dar. Assim reza um dos viras do Minho Numa das melhores pérolas do nosso folclore. De não esquecer a segunda pérola: o malhão.
Cinco de Junho de dois mil e onze: o Zé-Povo Cansado da tragicomédia socrática Resolve virara à direita. Pouco Muito pouco quiz com a esquerda. Quanto ao centro Mandou-o directamente às urtigas. O Estado Social corre perigo? Obviamente que corre. Os jogos do poder e a ambição das hostes respectivas vão deixar de existir? Claro que não. O Zé-Povo vai sair beneficiado? Só se for na exploração a que vai ser mais intensamente sujeito. O Povo é soberano. Mesmo que quarenta e seis por cento tenha virado costas à cidadania não indo votar Sempre restaram uns cinquenta e quatro por cento de decisores pelo voto da dita soberania. Conscientes? Os rios da consciência cívica não são propriamente caudalosos. Mais parecem riachos. A direita calou ou mitigou dificuldades? Mais do que a direita política a direita informativa foi bem mais eficaz. As vedetas deslumbradas fizeram bem o trabalho de casa. Quando lhes privatizarem o canal público da televisão Será que vão gostar? Houve até a ousadia da direita em afirmar ser necessário um novo 25 de Abril. Ninguém os entendeu. Vão perceber quando a Constituição for mudada E virem a consagração do Capital como texto fundamental de um País uma vez mais traído.Quando o despedimento não precisar da justa causa. Quando a indmnização pelo despedimento for praticamente nula. Quando...
Em Portugal tudo é à flor da pele No que respeita ao raciocínio e decisões por parte do Povo soberano. No que respeita à direita Tudo o que promete Cumpre. Não na expressão directa em que foi ouvida. Antes na dimensão profunda da sua própria identidade: a natural opressora das restantes áreas do pensamento. Confiar que a direita seja progressista É não entender nada de nada. A troika FMI/UE Acaba por ser a melhor bóia de salvação para esta direita que sempre sonhou reformar o 25 de Abril do Povo E hastear o 25 de Abril dos senhores de sempre.
Podemos estar descansados: O Zé-Povo decidiu o melhor para a sua indigência crónica e provou que de esquerda tem muito pouco. Porém a esquerda sonhará e apelará às lutas de sempre e ver-se-à confrontada com areias movediças. Mais e mais. Que as mentalidades são mais conservadoras do que progressistas. E o papão da Troika não deixará de acenar aos desalinhados: ou cumprem com o que ordenamos ou sofrerão as consequências. Resta saber se por detrás disto tudo não estará uma vontade co centro europeu em mandar estes países ditos periféricos para fora do seu clube. A UE... cada vez mais É um clube de ricos e menos a unidade dos Povos europeus. Enfim, como diria Alice: estamos fritos e penhorados e o folclore continua a ter razão.

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