segunda-feira, 20 de junho de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

167 - Há muito para escrever. Há muito para pintar. Não sei se haverão rios para me escoar. Não sei se haverão olhos para estas letras ou estas formas de cor. Porém terei que escrever. Terei que pintar. E se me quiserem ou deixarem Ainda haverá lugar a divulgar poesia para quem quiser escutar. Nascemos. Sem darmos por isso Trazemos nove meses de velhice. Depois crescemos. Pensamos que somos jovens e que tudo é eterno ou quase. Porém... somos finitos e vamos acumulando mais tempo à velhice com que nascemos. O problema maior é quando começamos a ter consciência de que a estrada está a minguar. Tememos não ter tempo para o tempo que precisamos. Aproveitamos tudo o que podemos. Falta-nos meios? Nunca em Portugal fomos fartos deles. Tudo o que hoje nos dão logo nos tirarão Seja lá como for. Paciência. Não conseguem é que deixemos de escrever. E de pintar. Porque isso é a nossa natureza. E assim teremos que cumprir. Para bem de nós. Para o destino que os outros nos queiram dar. E se quando morre um ser É um pouco de Deus que morre ( como dizia o Saramago). Quando nos esquecemos dos que partem É de Deus que nos esquecemos. E ele que é tudo Acaba por ser nada Sobretudo quando as memórias deixarem de funcionar. Porém Talvez que haja algo que nos escapa: Lavoisier enunciou que nada se perde e tudo se transforma. Assim sendo Será nesse refluxo que se inscreve a ressurreição e a eternidade?! A nossa consciência e a nossa mente deficilmente abrangerão tal equação. Por agora. E as obras que deixamos são meras marcas ou pegadas ou impressões digitais a dizer que passámos por aqui. Poderão abrir ou ajudar a abrir janelas ou portas por onde vislumbrar outros novos caminhos e horizontes e paisagens e seres. Se assim for tanto melhor. É um pouco mais de valia para as marcas. Antes do silêncio Que um dia nos vestirá. A todos. Menos à curiosidade eventual de um qualquer esquadrinhador de passados. Teremos sempre um destino. Porque somos estradas. E estas são meras hipóteses de respirar a vida. Nada mais. O destino que somos é sempre uma incógnita. Que se deposita nos outros. Sobretudo nos vindouros. Nos que se emocionarem com as nossas marcas e nelas descobrirem a eventualidade de um qualquer sonho. De uma qualquer utopia. Nada mais.

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