sexta-feira, 20 de maio de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

163 - Quando o tempo se encoleriza e desaba raios e coriscos sobre geografias restritas Muito se desola E perdem haveres e pão Muitos dos que já têm pouco a haver. Junte-se a tudo isto desarranjos mentais de governantes E vê-se piorar todo um quotidiano.Alice Saudosa do seu País das Maravilhas Esmiufra-se a entender o que já não obedece à lógica E acaba a concluir Que a loucura anda à solta. Imagine-se uma vila onde o jardim municipal era um belo cartão de visita. Tinha até uma casa rural Museu e memória do seu Povo Que de antanho moirejou por searas e arrozais. Possuía mas...Num ataque qualquer de furibundice Sua Excelência mandou-a arrasar. Do conteúdo Oferta do Povo simples Nada se sabe. E já era a segunda dose. A primeira também foi parar a mãos desconhecidas. Alice pensa: legaliza-se o roubo do barro e da alma. Aliás como todas as coisas que poderiam rechear um museu a sério sobre o Concelho. Com a desculpa das crises Inventou-se um leilão Que tem servido para dar Oferecer Também vender... ao desbarato. O dar e o ferecer viraram património de familiares e amigos de sua excelência. Nem a estatueta representativa de Fernão Lopes de Mestre Martins Correia escapou. Retirada do mural por ordem de sua excelência ninguém lhe sabe o destino. Evaporou-se. Alice teima:enquanto Chamusca definha na indigência da loucura Continua o roubo do barro e da alma. Quanto ao jardim... degrada-se... desmorona... Não há saber Gosto Estética que lhe valha. Para culminar... calceteia-se uma das plataformas e...há-de virar parque de estacionamento. Depois... aceitam-se incineradoras hospitalares sem contrapartidas bem defenidas e mais e mais e mais... Alice insiste: a loucura é total. E o Povo?... como no País: os predadores mistificam E o Zé-Povo resigna-se à miséria que lhe é imposta. E se o voto é uma arma Como ecoam nas manifestações Ou não há consciência Ou anda tudo de pernas para o ar. Além do mais: vota-se em quem nos represente e sirva. Nunca se vota em quem vire dono de nós Nos ponha trela e açaime E ainda por cima Nos coloque na miséria E sem futuros risonhos. Ah... não se vota em comunas que nos tirarão tudo Dizem. Pobres birutas: nem sequer pensam Diz Alice que nada é deles. Vivem nessa ilusão. Então porque pagam impostos municipais e regionais e centrais? Porque as casas e os terrenos são deles?!... A ilusão é a maior arma e arte dos predadores encartados:sejam políticos da direita furibunda Da economia que se travestiza de ditadura Do trabalho que falta mas que escraviza mais do que produz Da qualidade que cresce menos que a quantidade Do perece mas não é Fogo fatídico que tiraniza e desumaniza tudo. E Alice insiste: Que importa que o voto seja uma arma Se quem o usa Fá-lo quase sempre Contra si próprio? E Alice volta a suspirar: O País das Maravilhas está cada vez mais longínquo e arredio de todos nós De todos vós!...

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