segunda-feira, 2 de maio de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

159 - Pelo tempo desembestado Alice confronta-se com a Noite dos Temporais: Minha Senhora DE MIM vOLTAM OS VAMPIROS e CAIEM EM BANDOS SOBRE AS ALMAS PENADAS Sugando sugando O que resta de sangue No dorso das manadas. Todos se encolhem Não sabem ou não querem arriscar Ai de nós que já não escolhem Ofertam-se a quem os vai desgraçar. A lua vai alta Ronda já a manhã Alice compõe de novo a trança Tamborilando esperança: Venha gente nova E vamos desafiar A praça grande da trova Gritando aos senhores Que tudo tem que mudar. Abaixo os novos tiranos Que só nos têm dado danos Vamos socializar Todo este tempo a rasgar.

160 - O céu rasgou-se com todo o estrondo. Verteu águas e granizo com toda a força de oceanos furibundos. Divertiu-se a enfiar o indicador pela pele adentro da Terra Numa saraivada de luz. Ai mãe!...gritava um pequenito. Dá-me cá um medo dos diabos Esta coisa dos relâmpagos. E tiritava Mais para dentro do que para fora Enquanto se arremelgava Face à tonteria electro-magnética dos céus. E depois o ribombo Que não só assustava Como ensurdecia a alma de qualquer vivente. Irra!... Todo um despaupério que durou para aí uns trinta minutos se tanto. No fim... ruas alagadas e flores caídas e árvores esgaçadas e um palmo de gelo a esbranquiçar o chão e os telhados e mais se houvesse. Alice tropeçou num ensimesmamento e deixou escapulir um Ai que tudo me dói De fazer chorar as calçadas. Pensou: não nos basta o FMI e o FEEF e a cínica demagogia do miserabilismo pensante que nos desgoverna E ainda a natureza nos tinha que desancar uma vez mais. Depois lembrou-se:todo o estertor dos ciclos vitais é assim.O sistema está podre. Descamba aqui e acolá. Vai ruindo. Mastigado pelas térmitas do desnorte total. Os que se creem ricos Despem tudo o resto. Na ânsia de sobreviverem à catástrofe que provocaram. Os nús... acobardam-se e vão tiritando Enquanto se afogam. Têm a mais terrível arma nas mãos: o voto. Preparam-nos para reeditar o algoz. Exaustos de tudo. Até da fé. Alice que já não sabe onde ficou o País das Maravilhas Aprende a geografia do País das Tormentas Com ganas de esmurrar os nús Por parecer que desistem do reerguer do novo ciclo. Porém... com maior ou menor agonia O novo ciclo virá. Alice só não sabe se terá tempo para o ver e respirar. E isso deixa-a danada. Furibunda. Ousadamente virulenta na denúncia de tanta traição à vida.

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