quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

128 - Malangatana resolveu partir. Exausto de sonhos De esperanças De murros De abraços De carícias E até de beijos. Deixou-nos uma vasta memória. Meninos e meninas. Mulheres e homens. Novos e velhos. Corpos pássaros. Corpos árvores. Almas solares. Almas lunares. Olham-nos. Falam-nos. Inquirem-nos. Raíz de África. Ventre da Humanidade. Moçambicanos Ele é o vosso estandarte sendo Flama negro-fogo Do Mundo. E se contava estórias!... Com a mesma força natural Com que gostava de amigos. Malangatana conheceu Mundo Será que o Mundo conhece Malangatana?!...

129 - Estamos com pé-fervido Neste abrir de ruas Onde as ruas se desmoronam. Dói-nos a alma Mais do que o corpo.Choramos rindo Dos nossos erros e blasfémias Que entronizaram Os nossos algozes. Temos uma dor De ave canora No nosso peito.Que praias teremos Quando o amanhã vier E nos solicitar o colo ?!... E olhamos os céus Esquadrinhamos o cosmo... Onde andará Deus? E há uma voz Bem dentro de nós Que nos sussurra: Remocem os vossos valores Sejam éticos Reaprendam a amar os seres Todos os que existem Não assassinem a natureza Lembrem-se de que a matéria é caduca Célere no ter e no perder de forças Há que agricultar o ser E deixar florir a Paz Nos canteiros da cultura E da amizade profunda À vida que nos namora Em cada ser. Há que aproveitar o tempo Sobretudo o de todas as dores Para cultivar flores E arrumar de vez Com todos os Adamastores.

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