sábado, 18 de dezembro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

116 - Há quem busque um abraço E nunca o encontre Há quem espere uma palavra amiga E não lhe saiba a cor Há quem seja esperança E adormeça em desespero Há quem esteja abrigado E se sinta sem abrigo. A vida por mais guerra que seja É apenas a busca de uma carícia.

117 - As sociedades financeiras São lavadoiros Onde o capital lava dinheiro Ilude o fisco E cria monstros Nos respectivos serventuários. Hidra de várias cabeças Que tem minado o Mundo E o tem transformado Em mais imundo. Se os governos calam e consentem Ao mesmo tempo Que se abatem sobre os mais frágeis Sinal será De que a corrupção Circula nas suas veias E aos Povos Só resta Quebrar Derrubar ameias.

118 - Olhar a estrada. Cansar de terra. Olhar o mar. Delirar de céu. Talvez não seja nada. Talvez pressinta a guerra E possa desenhar Todo um capital ao léu.
Os ventos não andam de feição. Nos bolsos faltam-nos estrelas. Urgem naturais aragens. Urge pão para todas as fomes do Mundo. Há que combinar razão com coração. Abominar todas as trelas. Ressuscitar coragens. Elevar a alma do Mundo.
Saudar arrebóis. Extripar querelas. Sanar as dores. Enxugar os rostos. Ter a alegria do Sete-sóis. Abrir todas as janelas. Recusar doutos pastores. Ter sonhos sempre a postos.
Ouvir caminhos. Ler os povos. Sentir as almas. Saber culturas. Erguer ninhos. Horizontes novos. Atmosferas calmas. Melhorar estruturas.
E depois ?... Um novo olhar sobre a Vida.

119 - Senhores da economia e da política: o vosso tempo de tiranetes Começa a ser ilha Que o Trabalho começa a estar farto De tudo fazer De tudo pagar E muito pouco ou nada receber. Podereis ter exércitos à vossa volta Mas até esses vão entender Que são irmãos dos que se indignam Dos que se revoltam Contra a vossa ambição Contra a vossa prepotência. Sois a viva expressão da traição Porque a economia e a política deverão servir a Humanidade Nunca para a transformar em serva Apenas para proveito do vosso inteiro capricho.

120 - Setenta e cinco anos tem A rádio portuguesa. Longa vida. Curta Vida. Mais jovem do que antiga. Porque não perdeu A ousadia O inconformismo A esperança De que o amanhã Seja melhor do que o hoje. E o poeta que já foi radialista Só lamenta não ter continuado Embora bem mais longe Do que o seu porto de abrigo. A rádio pode e deve ser O maior palco da cultura Sem gravata Nem bravata Só com espaço Para voar.

Sem comentários:

Enviar um comentário