sábado, 25 de setembro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

27 - Há pranto No riso Que planto No siso de cada canto Há luz No parto Que conduz Ao quarto De cada manto ... Assim cantarolava Na noita fusca O vento Que madrigava Um pensamento De olhar e busca E tudo Se entornava Como entrudo Que passava À cata Do tear da vida Tempo de subida Tempo de descida Ai gata Que ronronas Quero lá saber De tanto desfazer Que humana gente Treme e sente Sendo ela autora Da força motora Da sua tristeza Que vira alegria Concerteza Ao nascer do dia Que lavra Todo um tempo Da palavra!...

28 - Pinto Um mar de absinto Onde barcos de fogo Desenham viagens Paisagens Colagens nesta que temos Por decifrar. Faltam-nos remos. Oiço gritar. Como ajudar Quem navega No alto mar?!... Espanto Quase pranto Por quem possa naufragar. Quem viaja Segue missão Foge da prisão Ou apenas recreia E se penteia Para agradar Ai vento Que ondula o mar Meu pensamento Que se incendeia Ao ver Que rareia Tanta terra Aos que guerreia Por pão. Tic-tac-tic-tac... Freme Aflito Coração Em grito.

29 - Consumo Fio de prumo Desta mercancia Global. Afinal É só fumo Nesta selvajaria Mundial. Os povos tremem Gemem Querem apenas Pão e alegria fartos de penas Querem harmonia Para inventar Estrelas no mar E dançar E voltear Entre chilreios de aves e águas Que escrevem passeios Sacudindo mágoas Para longe Deste perto Onde um monge De peito aberto Agradece à luz Toda a simplicidade E a verdade Da humildade de saber Que nascer Anuncia o morrer Como oferta Da descoberta De sermos apenas Um verso Que acrescenta Melodia Ao universo.

30 -A liberalidade Ataca. Farta de contemplações sociais. Saudosa de ter sido Revolucionária Há dois séculos atrás. Por onde tem andado Só tem feito Caca Ou não seja estouvada Por capitais. Até se tingiu de carbonária. Deseja a marcha atrás Que os Povos são pau mandado Com mais ou menos jeito. De contrário... zás-catrapás-pás e Bum!... Cada bola mata um... Desde que tenha ouropéis Tudo o mais Pode bem andar aos papéis.

31 - Ai flores do verde pinho Que no mar Andam a boiar Dizem que Assim trovava Dinis o rei Bom poeta e Não tão bom marido Já que perdido Se achava ao ver Velidas a bailar. Roda que roda Rema que rema A vida gira Ora boda Ora trema Espada de volteio Oxalá que não fira. Saudades tenho do mar Como ele as tem da terra Ai quem me dera Bordar rendas de paz Nos lençóis da guerra. Muda que muda Avida é sempre diferente Quem apregoa novo Com ideias de velho Não gosta de ser povo teima ser relho. Matemos o estado social. Demos corda ao neo-liberal E veremos como a direita Nos leva ao endireita E de todo que não faz mal A miséria sempre amou Portugal. Ai flores do verde pinho verde.

32 - Pum Catrapum Pum... os putos brincam Aos polícias e ladrões Felizes por sonhar Que o bem Vence o mal. Crescem. Uns serão polícias Outros ladrões Talvez. Se o forem Poderemos também ver O mal ser bem E o bem ser mal E nada poderemos fazer Se nos limitarmos A encolher Talvez sorrir Ao ouvir Pum-catrapum-pum.

33 - No vozear dos cafés Dos mercados das ruas Dos transportes A indignação Larga palavrões Esmurra corações Arrasa fés Declama pecados Estoira luas Programa mortes Mas não salva Nações. Acagaça-se com o Estado. Amedronta-se com o Governo. Reverencia o Depuatdo. Arranha-se no desgoverno Mas não salva Nações. Beatiza autarcas Pedincha aos deuses Joga lotarias Aposta raspadinhas Nada sabe de Petrarca Se se vê na tê-vê Acena "adeuses" A toda a confraria Mas não tem nadinha Com que salve Nações. Ainda se enrolasse o terreiro do Paço Em papel almaço E o enfiasse Numa garrafa E o enviasse Para o mar profundo Talvez mudasse O parco do seu mundo.

34 - Perfumado O teu corpo fala De maresia. Solo amado Que nos cala Com ironia. De um lado pinho De outro carvalho Mal fica o linho Sem tanto orvalho. Do teu corpo as dunas Ofertam-ma horizontes Faltam galeras e escunas Para voar acima dos montes. Real é o que inventas De tudo o que vês e sentes Imenso Cabo das Tormentas Esperança porque mentes. nada é mais lindo Do que o teu corpo bravio Mesmo agrest é infindo E morro Se não acaricio. Nas tuas lágrimas moliceiros Ontem suados Hoje turísticos. Asas dos meus anos primeiros Tão urbanos e tão rústicos. De igual modo os rabelos Monges negros das ravinas Do velho Douro castelos Levando o vinho às rapinas. Trovando se entoa o fado Nas margens do Mondego Todo o tempo é estudado E tudo parece mais cego.E do Minho solta-se o vira Se um dia amor Voltar a Viana Quanto se quer É o que se tira Nesta malhão que não engana. Ah Lima Que o romano pensou esquecimento Galo e rima Que fez do barro Conhecimento. tejo de afrontas e desdém Levando ao mar a liberdade Que airosa como ninguém Escapou a Lisboa por realidade. Deixa o Guadiana Tornar-nos ibéricos Que a razão emana Das dores dos periféricos. Perfumado o teu corpo seduz Mil viajantes do mundo. Solo amado que nos guarda e conduz Do cume até ao fundo. Quisera deixar de te abraçar Pudera não te ter por perto Solo amado que não paro de amar Mesmo que ateu de qualquer encoberto.

35 - Há um Povo dentro de mim Diverso do Povo que me rodeia. O que transporto Ousa incêndiso Nos horizontes Desafiando Todas as crenças e amarras Inspirando Sementes novas tesouras de avenças e arras. O outro è mais morto que vivo Não fustiga Tudo o que o agride Tudo o que o rapina Tudo o que o humilha E se lhe perguntam Como está Logo logo responde Vai-se andando Como deus quer. Ai de quem se condena A títere de uma qualquer vontade Deixa de ser E acaba Faminto de Liberdade.

36 - Discreta Indiscreta Secreta A velha zorra capital Ronda Alimenta Ronda Rapina Ronda Expolia Ronda Etilizada de tanta sanha Anbiciona sugar Quase todo o sangue Da manada. E amedronta Encena cataclismos Ameaça fomes e sedes Uiva No cruzamento De todas as ruelas Montes e vales Uiva Regougando farsas Que semeiam dúvidas Na manada Estupidificada E ronda Pela trela do medo instalado A fragilização crescente Óptima para Todos os ataques Frios Virulentos Mais e mais A velha zorra capital Tem o vórtice da fome Que a não deixa parar.

37 - Dormiste bem Meu bem Interrogação Natural como um rio No velho vale do amor Ou na charneca da amizade. Minha alma sorri E em jeito de onda do mar Vai à janela Cismar o tempo E volteia Encara o meu corpo Com novo sorriso Que a manhã está livre Para me levar Onde for preciso Se ela quiser Se ela vier Deixá-la em casa É perder a asa E não saber Como voar No sopro do sonho. Será por isso Que anda tanto mármore Trauteando As ruas do Mundo?!...

Sem comentários:

Enviar um comentário