sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

222 - Vive-se num mundo onde a rapina brutal tenta impor-se, alheada de tudo o que é humano. Por cá, segundo o INE e no 2º trimestre deste ano da graça de 2012, o desemorego e o sub-emprego, por carência de trabalho já atingem 1,3 milhões de portugueses. A receber subsídio de desemprego... uns meros 356 mil. O inefável Passos Coelho, na sua festa do Pontal, afirmou que o desemprego é uma mera nota negativa e que, face a actual situação portuguesa, originada e modelada por ele e respectiva governação, o importante é que não falhamos. Entretanto, no norte, uma empresa finlandesa que há quarenta anos laborava por cá, resolveu passar a produção para a China e, aproveitando as férias dos trabalhadores, encerrou portas. Voltam de férias e... não há trabalho porque " as condições de produção em Portugal são muito onerosas". Já na TAP, ocorre que na primeira metade deste ano, apesar de ter tido mais clientes e, portanto, mais receita, teve mais um grande prejuízo. Claro, por causa dos combustíveis e... das greves. Pelo meio, a Associação Petrolífera Portuguesa vem a terreiro dizer que os preços vão aumentar porque o Brent está mais caro, o euro está a desvalorizar face ao dólar e... o governo cobra muito imposto. Da África do Sul, vem a notícia: os trabalhadores da principal mina de platina, resolveram fazer greve que, entretanto foi declarada ilegal. Vai daí, como se lembraram de resistir, a polícia atirou a matar e liquidou uns quantos. Será que esta gente não percebe que estão a matar as pessoas e que, sem elas, não conseguem existir? Há uma recomendação da AR ao governo para cuidar de manter níveis de trabalho compatíveis com a vivência familiar. Pois: por isso é que o governo legislou as recentes alterações ao Código do Trabalho que ataca o trabalhador em toda a linha e desfaz o já de si cada vez mais ténue vínculo familiar. Não só lhes coarta o poder de compra, restrindo-o aos mínimos dos mínimos e a outros nem isso, como os sobrecarrega de horários que lhes naufraga a carne e o espírito. Seria suposto que, no sec. XXI, a humanidade soubesse dar um salto qualitativo na sua vivência social, alargando os direitos humanos e, por conseguinte, os do trabalho, os das crianças, das mulheres, das minorias, enfim, todos, a cada vez maior número de habitantes do planeta. Nada disso. Ao invés, decidiram ir para a ruptura da socialização, negando às maiorias dos povos o direito a serem... humanos. De tudo cobram fortunas. Para apenas 195 pessoas a deterem. Qual terá sido o mercado onde compraram o planeta? Em que bolsa adquiriram os recursos naturais?Quando lhes dá jeito dizem crer em Deus. Qual? O supremo arquitecto da vida bio-cósmica, não foi decerteza. Para os que acreditam no diabo, devemos dizer que até têm razão. É que esta gente, é o diabo materializado e já começa a ser tempo de as religiões o aniquilarem. Quando tudo ou quase tudo se vira contra quem trabalha, o direito à greve é inquestionável. Só o não é para os que desejam dominar e explorar o seu semelhante. Falta-nos a Cultura da Paz. Falta-nos a coragem para a semear e impô-la aos tempos. Oxalá que não nos venhamos a arrepender irremediavelmente.

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