sábado, 13 de novembro de 2010

Impressões digitais de um estranho País (livro em construção) Comt.

86 - Príncipes de nada Somos a marcha da ilusão Craveiros de uma estrada Que esqueceu o coração. Malditos e escorraçados Quando vem a tempestade Difamados e mutilados Em nome da liberdade.Povo Ron povo de caminhos Fragrância do que não quer coleira Somos fogo dos mil ninhos E a dança da comum fogueira. Lemos sinais nas estrelas Nas linhas da palma da mão Queremos avenidas e não vielas E estar de bem com qualquer Nação. Se teimais em nos acossar Muita da vossa liberdade Já foi queimada Algo de profundo está a findar Naquilo que seria terra-mãe civilizada.

87 - Obrigado Excelências Por tudo o que nos tirais As vossas existências São meros funerais. Quando se seca uma raíz A árvore adoece e morre Porque razão um País Pensa viver Quando o rio não corre?! Quem se indigna e se manifesta Para além da rotina Quer salvar o que nos resta Para semear nova vida Pela matina. Obrigado Excelências Por tanta azáfama que mostrais Para que naveguemos Sem escolhos de maior Até ao cais das insolvências Amor pátrio que nos dais Para que não fiquemos órfãos dos nossos ais.

88 - E é vê-los Em desvelos De argumentar Que quem fez os novelos Espera que todos queiram Arregaçar as mangas E dar as mãos Para remar e remar Vencer a porcela Que a vida é bela Mesmo que escanzelada Por culpa de tudo e de nada Que os mandadores Sem lei nem roque São afinal salvadores Das nossas tristezas. Nada de tibiezas Apertamos os custos Por mor das doutas certezas Que nos deram abismos E mil outros sismos Para sermos felizes Mesmo que pensemos o contrário.

89 - É urgente Imperativo Nova ordem mundial Que torne inocente Curativo Viver de modo natural. Tudo é abismo Neste mercado Intenso e global Profundo sismo Que tem trucidado O mundo real. Há muito para salvar Imenso para redimir Muito mais para nascer Se ousarmos amar Se soubermos dividir E sobretudo Renascer.

90 - A miséria humana Reside mais Nos que estrategam Grandes fortunas Grandes impérios Grandes poderes Do que naqueles Que têm que gerir A ausência de tudo. Que seria do mundo Sem os mercados?!... De certeza Menos imundo Que a vida que a vida tem É muito mais Do que este vai e vem Entre a ambição E a resignação E os mercados São os pecados Que todos condenam Enquanto desejam Para porem a coleira e a trela No seu irmão No seu semelhante. Deste modo A raça humana Exibe-se aberrante.

91 - Saca daqui Saca dali É tempo de esmuifrar Até ao tutano Deste Zé-Povinho Sempre indeciso Malandrinho Muito mano No desenrascar Mas pouco preciso No acto de levantar A indignação Com coragem de mudar Salvando a Nação. Ele próprio senhor E não penhor Dos latrocínios Com que muitos têm erguido a sua ração E que o querem servil Para mais facilmente Não fugir do ardil. E assim se enterra Abril.

92 - Ouvi a tua voz Quando a perdera No caudal do tempo. Renovam-se desejos De que o corpo se materialize E nos renove A amizade De um abraço. Mas tudo é casca de noz Vogando no imenso espaço. Quem nos dera Que os voos fossem Uma sinfonia de beijos E os sonhos eterno deslize Onde tudo se move Em liberdade. Prometemos um reencontro Na saliva do mar. Quando? Ambos sabemos Que não sabemos quando.Há imensas naifas Nos corredores da vida Onde nos vão assassinando Nunca de vez E acabamos drapejando Como qualquer aceno Que um dia nos fez sorrir.

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