quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

264 - Aereamente, diluímo-nos na vertigem das coisas. Esquecemos o cerne de cada questão. O verdadeiro centro incubatório De todos os ovos das víboras. Pouco derrotamos e consumimos centrais termonucleares de energia para... quase nada. Com mais ou menos máscara, o poder instalado, pela maioria das nossas opções, enquanto Povo, delapida a existência de cada um de nós e proclama, pela calada, o seu obtuso princípio: DESTRUIÇÃO, CRIATIVA. Assim, tudo se destrói para criar de novo um outro regime, uma outra ordem, enfim, o poder do predador sobre tudo o resto. Até quando estamos ou estaremos resignados a aguentar toda esta desfaçatez pecaminosa ou criminosa ?!....

No apaziguamento das fúrias, lembramo-nos das carícias, dos pequenos gestos: não invalidam o negrume que nos lançaram, apenas tornam o carrasco mais humano. As chamadas invasões dos Ministérios por sindicalistas, não foram mais do que entradas ruidosas para entregar o documento da exigência de um diálogo que a excelentíssima governação, teima em não realizar porque apenas deseja ter, como interlocutor, uns rascas yes,man, que, quem defende, de facto trabalhadores, não está disposto a ser. Porém, quando alguns tentam macaquear estas acções e invadem um simples e mero balcão de atendimento... não nos parece que seja, nem nunca o virá a ser afronta de poder. Mero sinal de destempero da raiva primária que se atribui ao cidadão que, atónito, olha para tudo sem perceber patavina. Muito menos tal gesto afronta qualquer poder descentralizado e que tudo oprime. Simplesmente, não é ali a sua sede. Todo este voluntarismo radical não justifica nem redime o opressor ou o oprimido. Acaba mera atuarda sem qualquer consequência. Porra, para tanta inconsequência!...

Curiosamente, alguns que sonegaram descontos de trabalhadores para sindicatos e segurança social, hoje apresentam-se como lídimos e pretensos chefes de uma revolução que lhes apraz imaginar. Outros, que traíram colegas de fábrica e afiambraram doações partidárias, apresentam-se hoje como grandes dirigentes de partidos do trabalho. Curiosamente!... Sentem revoluções improváveis como eminentes, perspectivando ser eles os futuros dirigentes do Povo. Não passam de radicalistas pequeno-burgueses que um dia qualquer se esfumam na insuficiência do que sempre foram.

Adoramos todos os que nunca trabalharam mas se afirmam operários para justificarem cargos dirigentes em partidos e movimentos de hipotética vanguarda. Supostamente!... são potenciais ditadores, imbecis e ignorantes da Democracia Popular. Servem-se do Povo mas... odeiam o povo. Porque nos havemos de admirar do hipotético êxito da direita? Quando a esquerda não se consegue depurar, a mistificação do centro-direita tem muito a ganhar. Os cravos murcham quando a inocência virou... interesse!....

Outra virose: o Tribunal Constitucional achou constitucional as quarenta horas decretadas para o funcionalismo público. Convergência com o sector privado? Excelentíssimos juízes: o Código do Trabalho para o sector privado, aponta quarenta horas como tecto máximo. Para a função pública, como base horária. Assim, tudo pode disparar para cinquenta e mais horas por semana. Ainda por cima a custo zero. Ah, sim, o País está em crise, a Troika ameaça, a UE reforça várias ameaças, poderemos não sair da crise, regressar aos mercados, bla,bla,bla. Basta olhar para o guião da futura reforma do estado do eminente Paulo Portas, para se perceber o que vem aí. Mas como, de algum modo, mesmo os juízes afectos à maioria, directa ou indirectamente, também são povo, quando provarem do que agora acham constitucional, veremos como reagem!.... A não ser que façam parte dos que querem transformar este País numa cleptocracia que, de facto, já está em marcha. Basta vermos os cortes nas pensões, nas reformas, nos vencimentos, nos subsídios de turno, enfim em tudo o que pode contribuir para a dignidade de cada cidadão. Aos que decidem, que fique este aviso: a vida sempre foi, é e será irónica. Tarde ou cedo, todos haverão de provar do veneno que hoje destilam. O Povo, não esquece, por mais atordoado que pareça andar!...

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