segunda-feira, 18 de março de 2013

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

238 - A convulsão político-social alastra pela Europa e, por cá, também. O novo Papa, Francisco de seu nome, inspirou-se em Francisco de Assis que, para ele, é o homem da pobreza, da paz, o homem que ama e protege a criação, com a qual temos hoje uma relação que não é tão boa e sublinha que deseja uma igraja pobre e para os pobres. Interessante, numa igreja que há mais de um milénio tinha o monopólio papal europeu e que, agora, o perde para o Sul. Pode acontecer que haja maior inspiração para a área política. Esta, com austeridades somadas a troikas e dívidas soberanas que têm que pagar, têm retirado capacidade de intervenção política às sociedades a que pertencem. Além de tentarem que os seus concidadãos paguem os roubos que fizeram aos erários públicos que era suposto gerirem para o bem comum, deixam substituir a política pela economia que, sistematicamente, erra nos números que apresenta. Por detrás disto tudo, há um credo, uma teoria economicista que quer assumir a verdade dogmática que anula o político. Pobre Mundo: do dogma teocrático passou para o dogma tecnocrata. Por isto, descobriram mais uma armadilha: foi no Chipre: dez por cento dos depósitos acima dos cem mil euros. Confisco puro e duro. Se o nosso Gaspar se lembra!... Por estas e por outras, as políticas europeias terão que ser modificadas. Acabar de vez com esta promiscuidade co-governativa entre a banca e o poder político. E a todos os que afirmam não haver alternativa, há que lhes lembrar que estão a ser permissivos com a chegada de uma ditadura.Ultimamente, têm-nos dito que é urgente um novo 25 de Abril. Respondemos. Sim, é urgente, porém... o primeiro foi-nos ofertado de bandeja pelos militares. O segundo terá que ser realizado por nós. Como? Pelo voto, além de todas as demais formas de intervenção da cidadania. Aproximam-se as eleições autárquicas, parlamentares ( de onde sairá o novo governo), europeias ( de onde sairá o novo equilíbrio europeu) e presidenciais. Assim sendo, será muito estúpido que um Povo volte a votar nos que lhes deram cabo da vida e do País. Não ir votar é traição a si próprio e ao seu Povo. Logo, há que votar e fazer dele a arma possível para correr com toda esta cáfila de gente que nos traiu, roubou, vigarizou e tenta escravizar. Transformar a sociedade implicará, também, criar um novo sistema económico que sirva as pessoas e não, como hoje, se sirva das pessoas. Também, uma nova relação comercial que permita que todos os povos possam ter acesso aos bens essenciais. Pôr cobro ao luxo, ao egoísmo, à ambição sem lei, à agiotagem e a todo o tipo de chantagem. Aos que nos apregoam, hoje, que só com baixas de salários cada vez maiores é que se faz face aos desempregos, dizer que Portugal foi o primeiro País a acabar com a escravatura e, por tanto, não há mais lugar a mercados de escravos. Esta alta burguesia que só o é pelo servilismo de muitos, tem que perceber que o Mundo não gira à volta do seu umbigo, nem a vida existe apenas para si própria. A maior parte dela senão toda, assenta no roubo do seu semelhante e dos Países onde opera. São criminosos. E os políticos que as servem, são cúmplices e , portanto, criminosos também. Como tal, terão, mais tarde ou mais cedo, que pagar pelos seus crimes até porque têm posto a vida em risco. Sobretudo a humana. Para tudo isto, terá que haver uma verdadeira unidade de esquerda. Para lá da vontade dos partidos. Os Povos exigem-na, por contraponto a todos estes dislates das direitas instituídas e bem acobertadas pelo músculo policial e militar. Para tanto, terá que haver maior abertura de portas de diálogo. Ninguém é dono de verdades absolutas.Há que saber aceitar as diferenças e potenciar tudo o que nos une para bem dos Povos que somos. Toda a área economico-financeira de hoje, é criminosa. Tudo inventa para sugar os Estados e nunca pagar o que lhes é devido. A sua deificação não pode continuar sob pena de matarmos a vida humana. Toda a transformação que se impõe, tem que ver com a Paz enquanto cultura e sistema político-social. E nela se integra tudo o que chamamos de ecologia e bio-diversidade. Por outro lado, convirá não esquecer que, sem cultura, enquanto saber e atitude criativa, as sociedades humanas não progridem. Não basta pedir aos cidadãos que ajudem com qualquer coisinha quando os governos tudo roube e tudo nega aos mesmos. Um Estado de direito vê na Cultura, na Educação, na Formação, na Saúde e na protecção social, um direito e um dever. Ao negar tudo isto, nega-se a si próprio e fomenta o músculo para vincar o divórcio entre a governação e os Povos. Por isto, sempre dissémos: esta corja que nos tem governado tem horror de ser Povo, apesar dele ter saído e com ele se ter formado. Já é tempo de todos acordarmos. Não se podem tolerar mais cortes seja em funcionários ou trabalhadores, público-privados, seja em direitos sociais, seja em salários. Há pois que tomarmos uma atitude e que seja consequente e lapidar.

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