sexta-feira, 11 de maio de 2012

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

204 - Alice está ainda mais desolada. Nem as recentes comemorações do 25 de Abril em que assistiu ao espectáculo de declamação e canto e música comemorativo dos 25 anos de falecimento do Zeca Afonso e dos 75 anos de nascimento do Ary dos Santos ( Do trovador ao bardo - um vulcão de liberdade) nem as do 1º de Maio a fez ficar mais esperançada. Ela diz: A Europa anda de democracia suspensa. As direitas querem obter pela crise o que não almejaram por eleições.Os homens de mão da Goldman Sachs têm passaportes diversos mas pensam exactamente do mesmo modo. Desde o Papademos ao Mario Monti ou do Draghi ao nosso Gaspar sem esquecer o António Borges entre outros.Pertenceram todos ao mesmo núcleo empresarial. Quem é esta? Dedicadissima à acumulação de capital e de poder. Crê-se colonial e com poderes de soberania sobre os povos. Qualquer Estado Social é seu inimigo figadal. Que é isso de distribuir os rendimentosa de um Povo por essa caterva de arraias miúdas? E quanto aos impostos... para eles... nunca.Passos Coelho e Vítor Gaspar podem falar português mas... a Alemanha é o seu modelo.Não têm noção de integridade ou de coesão nacionais. Só o grande capital é que lhes interessa.Quadros a quem a Goldman Sachs agradece o seu poderio. A lula-vampiro. Oferta dirigentes aos Países em crise e depois... oferta-lhes lugares de destaque. Estes senhorecos dizem-se economistas ou políticos mas...são meros vocalizadores dos ditames da especial Goldman Sachs.Se a Europa fosse de facto uma União Europeia... as dívidas seriam da UE e não de um só Estado.Até porque o sobreendividamento destes derivou dos ditames da União Europeia.Quem nos obrigou a destruir os aparelhos produtivos que já de si não eram poderosos? Quem é que formatou ou formata os produtos de alimentação e outros e nos obrigou a consumi-los? Ora... se as dívidas são dos Estados em crise e pobreza aceleradas... então os Estados podem e devem de accionar as cláusulas de derrogação dos tratados ou invocar o direito internacional por emergência nacional a fim de reequacionar as dívidas e poder reaver investimento.Só o não fazem porque são paus-mandados do capital internacional.Porque se creem vice-reis da toda poderosa Alemanha para quem todas estas políticas servem para ter a ilusão de se defender da China e submeter toda a Europa à sua vontade imperial. O que Hitler não obteve pelas armas está a Merkhl a obter pela economia?! A nossa Constituição não é respeitada. O que faz o Tribunal Constitucional? Legaliza ou dá crédito a tudo o que ataca a dita de que seria o guardião. E não nos falta nada. Até os tiques repressivos e autoritários. Caminhamos para um sistema em que a democracia é formal e a prática social é fascista.Só assim se entende o poder que está a ser acumulado sobre o grande patrão e que o pequeno patrão imita sobre o trabalho.O nosso centro direita é o algoz da democracia e do Estado Social que para eles significa regalia ou privilégio.Esquecem que são direitos ( conquistados depois de Abril de 74) e pagos pelos descontos de todos os que trabalham.Esquecem que muitas das reformas milionários dos snrs.políticos do centro-direita foram esbulhos feitos ao bolo geral ( porque os conseguiram com menos tempo de trabalho e de descontos). Esquecem que antes do 25/74/Abril o chamado Estado Novo de Salazar negava tudo isso aos portugueses e os empobrecera e estupidifcara para poder ser tirano e benemériot das grandes famílias burguesas que tudo dele mamavam enquanto chicoteavam o pagode.Curiosamente... quando me falam... diz Alice... em Regime Novo nesta hora actual... um frio percorre-me as cruzes e a espinha. Os nossos parlamentares já não detêm poder. Este está concentrado no Executivo. Cada vez mais. Há uns anos atrás era a luta contra o comunismo que foi substituída pelo luta contra o terrorismo e com isto vão diminuindo a democracia e a liberdade e musculando os regimes e manipulando os povos pelo e com o medo de tudo e mais alguma coisa. Daí as crises económicas e financeiras que tão habilmente têm parido. O tratado de Maastricht foi o ponta-pé de saída para o colapso financeiro dos Países europeus mais frágeis ou... como o nosso... a recuperar de uma ditadura fascista. Os mecanismos do colapso: abertura aos mercados mundiais e um euro desenhado e pensado por um quadro da Goldman Sachs em nome da sobrevivência alemã.Até o filósofo grego Christos Yannaras reconhece que a Europa está numa crise cultural profunda. A sua Economia divorciou-se do cidadão. O jogo da Bolsa nada tem a ver com produção ou criatividade de um qualquer País. A política não considera o cidadão. Faz-se política como se gera uma empresa sujeita às regras do marketing. Não há objectivos concretos nem visão social por mais que os discursos oficiais nos queiram fazer crer que sim. As economias e as políticas são para servir os cidadãos e não o contrário.As próprias religiões lhes fazem o jogo. Enquanto o protestantismmo alemão sacraliza o dinheiro o restante cristianismo abandonou as questões da vida e da morte para individualizar a salvação.Há poucos dias a igreja portuguesa anulou os feriados religiosos do Corpo de Deus e de Todos os Santos porque... urge salvar as Misericórdias e outras sociais da Igreja... e o capital... como sempre... é o poder e a Igreja sempre esteve do lado do poder e ser a domesticadora dos Povos.Se os políticos traiem os seus concidadãos a Igreja trai a sua própria fé.Seja como for só há um caminho: A resposta a tudo istop reside na esquerda que na linguagem actual é a oposição. Assim: que saibam recolocar a democracia no centro do sistema.Que saibam recuperar as funções sociais do Estado. Por fim que saibam e tenham a coragem de retirar os Estados da tutela do capital financeiro global. O Banco Central Europeu deve financiar as empresas e obrigá-las a produzir bem como os Estados da União.Nunca... os bancos. Também que os Estados saibam redistribuir os lucros pelos cidadãos de molde a que as economias nacionais possam desenvolver-se.Tudo isto obriga a amplos consensos entre tudo o que compõe as esquerdas de cada País.Serão capazes de prescindir do velho egoísmo serôdio e perceber a construção de um mundo novo a sério? As dúvidas são imensas... entretanto vemos os cidadãos a serem esfacelados em cada dia que corre... a diminuição crescente dos direitos sociais e do trabalho que mais não são do que direitos humanos...a descrença de tudo a aumentar e... como dizia a Tatcher: importa conquistar as almas dos cidãos para os desígnios da Economia que propomos.Se não for a bem é a mal.A bota fascizante da ultra-ortodoxia neo-liberal e tecnocrata está a crescer sobre o corpo e a alma da Europa e deste País.Deste País?... será que ainda o somos? E que ninguém esqueça esta gente que nos lidera não tem vergonha nem consciência. Apenas os move a cegueira da sua fé: o absolutismo do grande capital financeiro de que são meros títeres.Até à próxima. E lá se foi a Alice que já foi do País das Maravilhas.

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