terça-feira, 1 de outubro de 2013

Impressões digitais de um estranho País (cont.)

260 - Saudade da pacata melancolia de Marraqueche!... da imponência imperial do Atlas!... da florida canção oceânica De um Atlântico que nos faz sonhar Um tempo árabe no nosso coração português!... saudades das feiras portuguesas e dos bazares islamizados!... saudade da alegria Humanamente inocente Brotando da alma desta gente Que sou eu Em corpo inteiro!... dos cheiros das especiarias Das ervas aromáticas Dos chás Da renda das marchetarias Do barro E da paz Que tudo isto traduz Desconhecido senhor do capuz!...

         Quando a cidade é sitiada Pelo próprio rei De dentro para fora Como convém a qualquer traição Importa saber O que irá responder O Povo que a trabalha e sofre e ama. Só a covardia Pode determinar O apoio ao rei Mesmo que outros nomes tenha Para adocicar E se poder suportar A ruína que a miséria dá. Um Povo tem que aprender Que nenhum poder é eterno E que o único soberano É o Povo ou não fosse ele a alma De toda uma cidade Estado. Assim Com toda a calma Vamos saber se é o rei ou o Povo quem está arruinado!...

         Ao redor Das fogueiras Das vaidades O rubor Das bandeiras Das cidades Tropeça-nos os dias Desafiando-nos a rebelar. Aproxima-se a rebelião dos tempos adormecidos Que toda esta construção Tudo transforma em desfavorecidos. Remando em mar revolto Cansa corpo Exaure a vida Se vou já não volto Que não falta gume a tanta ferida. Morre lenta e devagar Ave impedida de voar!...

         Mudanças. Profundas mudanças. Longínquas do que é necessário. Sintonizadas com esperanças De muito egoísmo De pouco altruísmo Mudanças Profundas mudanças Com que se farão novas tranças De um novo poder Que poderá não ser O melhor e mais esperado alvorecer Para um mundo mais cuidado Onde todos possam viver!...

         Quando se esvaziam almas de tudo o que pode ser fé Elas que perderam a esperança Resolvem revisitar o material Na busca improvável da fé Na busca insustentável da esperança E experimentam tudo Para fugir Ao que lhes deu cansaço Ao que lhes deu saturação Ao que lhes negou espaço Ao que lhes deveu realização. Não há pior inimigo Do que uma alma fria Obrigada à saudade do calor Que rema sem alegria Para suportar a dor. Expurga para esquecer o traidor!...

         E depois das eleições autárquicas uma pergunta às consciências: será que vai começar a arrancada  da esquerda que vise a defesa dos direitos inalienáveis do Povo e enfrenta a criminosa ofensiva do capital que tenta desfigurar tudo e mente e mistifica e subverte para escravizar e neutralizar os Povos?....

         Avancem para a Vida e desafiemos os que desejam a morte da Vida!...

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