quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Impressões digitais de um estranho País ( cont.)

182 - Alice reapareceu com um ar estranho e bué de marca negra por todo o corpo. Credo!... mulher. Que te aconteceu?!... interroguei. Respondeu que andava farta de caminhos Mastigada pelos tempos Bestializada pela política Escravizada pela economia Espoliada pela financeira Estupidificada por toda a gente. Daí o seu olhar magoado de vitral gótico. A marca negra era o rastro das sanguessugas que os caminhos não paravam de lhe pespegar quase sem dar por tal. Vinha pesarosa pela oralidade oficiosa de vários senhores neste centésimo primeiro aniversário da proclamação da República Portuguesa. Esclarecia: o disparar Com e sem razão do velho Jardim Que procura alívio em todo o lado e em todas as direcções para as dores que sofre pelo lendário endividamento da sua governação madeirense. Traduz o camaleão e a zé-espertice do caciquismo português.A avisada e serena e litúrgica retórica do Patriarca Ulissiponense que transpõe para o tempo de agora muita da benção que Antes do 25 de Abril O catolicismo pátrio distribuía nesta lusofonia: a pobreza é a razão da caridade e esta é a chave do céu para os que não são pobres. Estes têm-na pelo sofrimento resignado. O esfíngico Cavaco Silva paternaliza a oratória que insiste na inevitabilidade do sacrifício e na fé total na milagreira economia neo-liberal que tão bem tem dado conta do Mundo.Bradam todos que é urgente mudar hábitos e mentalidades. Banir consumos. Produzir poupanças e produtos para exportar. Consumir apenas o que é nosso e... esquecidos de que o centro e a direita paulatinamente instituíram a partidocracia que Inevitavelmente descamba em descalabro económico Corrupção financeira Usurpação de direitos sociais Ganância absoluta pelo lucro.Para tanto esvaziam de conteúdo universalista e humanitário a educação que se transforma em formatação e sigilam e menorizam a arte e a cultura O que nega a construção da consciência crítica e de cidadania um dos esteios da liberdade.Esquecem que quando o Capital atinge a especulação económico-financeira que permite aos mercados dominar a política O sistema caminha para a implosão. Assim as crises de toda esta crise global obriga à inovação de um outro sistema económico Mais humanizado e consentâneo com a sobrevivência da vida planetária.Que o período negro que nós vivemos obriga os povos à indignação e à revolta. Urge transformar e reformar todo este sistema apodrecido. Urge dar voz de prisão a quantos roubam e especulam e espoleiam os Povos de tudo e depois se arvoram em salvadores dos ditos. A História registará. Até lá... há que recusar esta afronta e violência da agonia da besta e repôr o carril da humanização social sem olvidar que o tempo futuro terá que ser menos material e mais espiritual. E nada disto tem que ver com religiões ou outras quaisquer fés que nos têm toldado as mentes e ensanguentado as vidas.

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